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Papa nomeia cardeais especialistas em Islã e temas como imigração e ambiente

1º.set.2019 - O papa Francisco acena para os fiéis na praça de São Pedro, no Vaticano, durante o Angelus - Tiziana Fabi/AFP
1º.set.2019 - O papa Francisco acena para os fiéis na praça de São Pedro, no Vaticano, durante o Angelus Imagem: Tiziana Fabi/AFP

Em Cidade do Vaticano

05/10/2019 09h30

O papa Francisco nomeou 13 novos cardeais, incluindo especialistas em diálogo com o Islã e religiosos ligados a temas como imigrantes e meio ambiente, que neste sábado recebem seu barrete vermelho.

Cada Consistório para criar novos "príncipes da Igreja" é visto como mais um passo para modelar uma escola cardinalícia que compartilhe a visão do papa argentino e que, um dia, deverá escolher seu sucessor.

O próximo papa poderá ser um desses nomeados. De um total de 225 cardeais, são 128 com menos de 80 anos e que podem votar em um futuro conclave.

Entre esses eleitores, mais de 52% foram eleitos diretamente por Francisco, um terço por Bento XVI e 14% por João Paulo II.

Metade dos novos cardeais tem o perfil de "missionários", revela um deles, monsenhor Miguel Ángel Ayuso Guixot, um discreto espanhol de 67 anos de idade, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Interreligioso.

O religioso estava em missão no Egito e no Sudão e é um grande especialista em Islã.

O monsenhor espanhol Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat desde 2017, considera sua nomeação como um "impulso para as comunidades católicas do norte da África quase invisíveis".

O monsenhor guatemalteco Álvaro Ramazzini, 72 anos, arcebispo da diocese de Huehuetenango na Guatemala, durante décadas é um firme protetor dos mais desfavorecidos, migrantes e indígenas, além de defensor de causas ambientais.

Outro latino-americano é o monsenhor cubano Juan de la Caridad García Rodríguez, arcebispo de San Cristóbal de La Habana.

Uma Igreja no mundo moderno

Segundo observadores, o pontífice argentino é profundamente dedicado a "uma igreja inscrita no mundo moderno", em consonância com o Concílio Vaticano II.

Os novos cardeais também incluem o jesuíta canadense de origem tcheca Michael Czerny, vice-secretário de uma seção do Vaticano encarregada de migrantes e refugiados, em colaboração direta com o papa Francisco.

Matteo Zuppi, 63 anos, arcebispo de Bolonha na Itália, membro da comunidade Sant'Egidio muito envolvido com migrantes, defende uma clara aceitação dos fiéis homossexuais na Igreja.

Para essas nomeações, o pontífice argentino fez questão que todos os continentes estivessem presentes.

Da Ásia vem o arcebispo de Jacarta (Indonésia), Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, e da África o arcebispo de Kinshasa, Fridolin Ambongo Besungu.

Os representantes da Europa incluem o arcebispo do Luxemburgo Jean-Claude Höllerich, 61 anos, presidente da Comissão de Episcopados da União Europeia.

"O papa geralmente escolhe países pobres e o Luxemburgo não faz parte dessa categoria", disseram os religiosos, expressando a surpresa dessa decisão.

O mais novo dos novos cardeais é o monsenhor José Tolentino Medonça, português de 53 anos, com um perfil atípico por ser arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana.

O papa também distinguiu outros três religiosos que não podem ser eleitores já que têm mais de 80 anos.

São o arcebispo britânico Michael Louis Fitzgerald, ex-embaixador do Vaticano, especialista em Islã; de Dom Eugenio Dal Corso, missionário italiano em Angola; e um jesuíta lituano, arcebispo emérito de Kaunas, monsenhor Sigitas Tamkevicius, que passou vários anos em uma prisão soviética por ter escrito um jornal clandestino sobre as perseguições dos católicos.