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Guaidó visita a Espanha, onde sua presença provoca tensão política

25/01/2020 17h32

Madri, 25 Jan 2020 (AFP) - O líder da oposição Juan Guaidó pediu para a "nos mantermos de pé" contra a "ditadura "venezuelana, diante de milhares de apoiadores em Madri, em uma visita que gerou polêmica por não ter sido foi recebido pelo presidente Pedro Sánchez.

"Peço-lhes que nunca se ajoelhem diante de ninguém, que nos mantenhamos de pé até quando for necessário" diante da "ditadura", disse Guaidó na Puerta del Sol, onde o público aguentou debaixo de chuva, apesar das duas horas de atraso para o início do ato.

"Viva a Venezuela livre", gritou Guaidó ao público com bandeiras do país.

Reconhecido como presidente interino da Venezuela por 50 países, incluindo a Espanha, Guaidó chegou a Madri após uma turnê europeia em busca de apoio para retirar Maduro do poder.

Mas, diferentemente de outros países que visitou - como o Reino Unido, onde se encontrou com o primeiro-ministro, Boris Johnson, a França, onde se reuniu com o presidente Emmanuel Macron -, em Madri precisou se conformar com a ministra das Relações Exteriores, Arancha González. O encontro não ocorreu na sede da chancelaria, mas na Casa da América.

González transferiu "ao presidente encarregado o apoio total do governo da Espanha à sua figura" e o desejo da Espanha de gerar "condições para a realização de eleições presidenciais com garantias democráticas", segundo comunicado de seu gabinete.

- Tratado como chefe de Estado -Para marcar esse contaste, a oposição conservadora do Partido Popular (PP) lhe deu uma recepção de chefe de Estado: seu líder, Pablo Casado, se reuniu com Guaidó, e o prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, entregou-lhe a Chave de Ouro da cidade, uma honraria reservada a mandatário, em um ato no qual ele foi apresentado como "Presidente da República da Venezuela".

"Sabemos que não estamos sozinhos", disse Guaidó após receber o reconhecimento da Prefeitura de Madri, que disse aceitar em nome de estudantes, professores, trabalhadores e deputados venezuelanos "que, apesar da chantagem, da perseguição e da prisão, permaneceram firmes em nome da liberdade".

Guaidó tentou diminuir o tom da polêmica com o governo espanhol, lembrando em uma entrevista coletiva que Pedro Sánchez foi um dos primeiros líderes a reconhecê-lo como presidente encarregado e afirmando que espera "nos próximos meses" recebê-lo em Caracas, "quando recuperarmos a democracia na Venezuela".

Sánchez evitou se pronunciar diretamente sobre o tema neste sábadp, mas demonstrou seu compromisso com o "caminho democrático" como saída para "uma crise complexa, que exigirá diálogo".

"Sempre apoiamos a oposição venezuelana", disse Sánchez, citando como exemplo o líder da oposição Leopoldo López, refugiado na residência do embaixador espanhol em Caracas.

Casado, que criticou Sánchez por não receber Guaidó, ligou a postura do presidente espanhol à entrada do partido de esquerda Podemos no governo. Esta formação já demonstrou simpatia com o chavismo no passado.

O ambiente ficou tenso quando o ministro do Desenvolvimento, José Luis Ábalos, foi ao aeroporto de Madri e encontrou a número dois do governo da Venezuela, Delcy Rodríguez, que está proibida de viajar para a União Europeia.

Segundo o relato de Ábalos, ele foi ao aeroporto receber o ministro venezuelano de Turismo, que é seu amigo pessoal e pediu que ele cumprimentasse a vice-presidente, que viajava no mesmo avião particular para a Turquia.

"E foi o que fiz, apenas a cumprimentei. Lembrei-a de que ela não poderia entrar em solo espanhol devido às sanções da União Europeia", disse Ábalos, em entrevista ao jornal La Razón neste sábado.

Ábalos garantiu que o tratamento que será dado a Guaidó responde à "posição especial" da Espanha como líder na Europa para buscar uma "solução democrática equilibrada" para a crise venezuelana.

Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela há um ano, violou a proibição de deixar seu país para iniciar esta viagem pela Europa.

A Espanha, um dos destinos preferidos dos venezuelanos que deixaram o país por causa da crise (4,6 milhões desde 2015, segundo a ONU), abriga cerca de 324.000 venezuelanos, segundo dados oficiais de 2019.

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