Mundo reforça medidas de emergência; número de mortes por coronavírus supera 15.000
Roma, 23 Mar 2020 (AFP) - Muitos países reforçaram nesta segunda-feira as medidas de emergência contra a pandemia de coronavírus, do confinamento estrito até o fechamento de fronteiras, à medida que o balanço de mortes aumenta, com mais de 15.000 vítimas fatais em todo o planeta.
Da Alemanha - que proibiu as reuniões com mais de duas pessoas - até a Nova Zelândia - que aplicará um confinamento total de quatro semanas - passando por Hong Kong - que fechou as fronteiras aos não residentes - a nova onda de medidas reflete o pânico em muitas partes do mundo.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio, previstos para começar em julho, estão cada dia mais próximos do cancelamento. O Canadá já anunciou que não enviará atletas caso o evento aconteça este ano.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump ordenou a instalação de hospitais de campanha de emergência, enquanto republicanos e democratas tentam alcançar um acordo para aprovar um plano de choque econômico de quase um trilhão de dólares.
"Estamos em guerra, em certo sentido estamos em guerra", disse Trump.
A luta contra o coronavírus está deixando os médicos e os demais profissionais da saúde esgotados, obrigados a escolher quem tratam primeiro por falta de recursos, assim como fazem os médicos em zonas de guerra.
"Fiz Medicina para curar as pessoas, não para ter que escolher quem pode viver", disse Philippe Devos, um anestesista na Bélgica.
- Os números do terror -O novo coronavírus deixou 15.189 mortos no mundo e mais de 341.300 casos de contágio desde o surgimento em dezembro na China, de acordo com o balanço mais recente da AFP, e o epicentro agora está na Europa.
O Zimbábue e a Nigéria registraram nesta segunda-feira suas primeiras mortes por coronavírus.
A Itália, país mais afeta do mundo, anunciou 651 mortes no domingo, o que elevou o total a quase 5.500.
A polícia patrulha as ruas de Roma e supervisiona as praias de todo o país em busca de pessoas que não cumprem a ordem de confinamento.
Em sua oração semanal, agora transmitida por 'streaming', o papa Francisco suplicou aos italianos que evitem as aglomerações e cumpram o confinamento "pelo bem de todos".
A Espanha superou nesta segunda-feira 2.000 mortes pela epidemia, com 462 óbitos nas últimas 24 horas, o que elevou o balanço no país a 2.182 vítimas fatais. O número de contágios supera 33.000.
O primeiro-ministro Pedro Sánchez solicitará ao Parlamento que aprove a ampliação do estado de alerta até 11 de abril.
O cantor de ópera Plácido Domingo anunciou que deu resultado positivo para o coronavírus.
Na França, com um balanço de 674 mortos, as pessoas estão confinadas em todo o país. Algumas cidades adotaram o toque de recolher noturno e Paris anunciou medidas mais drásticas que o governo central.
O Reino Unido pode adotar medidas similares depois que o primeiro-ministro Boris Johnson advertiu que em menos de duas semanas o país poderia registrar números de vítimas similares aos da Itália.
Nos Estados Unidos, mais de um terço da população está sob medidas mais ou menos severas de confinamento em cidades como Nova York, Chicago e Los Angeles, à medida que aumenta o número de contágios.
O prefeito de Nova York advertiu que a cidade pode ficar sem respiradores em 10 dias.
- Temores de uma Grande Depressão -Um plano de choque econômico americano de um trilhão de dólares fracassou no domingo no Congresso pelas divergências entre republicanos e democratas, o que provoca o temor entre os investidores de uma Grande Depressão, em mais um dia de Bolsas em forte queda.
Os mercados asiáticos fecharam em queda e os europeus operavam em baixa, afetados pelo fracasso do acordo em Washington e as advertências negativas sobre os lucros de muitas empresas.
As medidas de confinamento na Europa e no restante do mundo provocaram um forte abalo na indústria do turismo.
- Quarentenas e toques de recolher na América Latina -Na América Latina, com 4.900 infecções e 65 mortos, de acordo com dados compilados pela AFP, muitos países adotaram restrições severas à circulação. O México anunciou o fechamento a partir desta segunda-feira de museus, teatros, cinemas e zonas arqueológicas.
Uruguai e Brasil estabeleceram no domingo o fechamento da fronteira terrestre durante pelo menos 30 dias.
O Chile começou a aplicar um toque de recolher noturno, após medidas similares na Bolívia, Peru e e Equador, que no domingo registrou 14 mortes.
República Dominicana e Guatemala também adotaram o toque de recolher. Bolívia, Argentina, El Salvador e Paraguai optaram pela quarentena total.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro insiste que a crise do coronavírus responde à "histeria", apesar dos 25 mortos e 1.546 casos confirmados no país.
- Segunda onda de infecções? -Mas agora muitos países da Ásia, onde o vírus parece controlado, temem uma segunda onda de casos "importados".
O território chinês de Hong Kong, que conseguiu conter o vírus apesar de sua proximidade com a China continental, decidiu proibir a entrada de não residentes.
E na China, onde o vírus foi detectado em dezembro, nesta segunda-feira não foram registrados novos casos locais de contágio, mas sim 39 infecções procedentes do exterior.
bur-kma/amj/pc/mb/fp
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