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Do Chipre à Islândia, ilhas vencem no momento partida contra COVID-19

07/05/2020 09h11

Ayia Napa, Chipre, 7 Mai 2020 (AFP) - Aproveitando uma flexibilização das medidas estritas de confinamento impostas no Chipre, Michalis Eveledis corre pela areia e e mergulha no Mar Mediterrâneo.

"Estou muito feliz de voltar à praia e nadar pela primeira vez este ano", diz à AFP este homem de 39 anos, que mora em Ayia Napa, balneário com ruas habitualmente lotadas de turistas e atualmente desertas.

Na segunda-feira, as autoridades cipriotas permitiram pela primeira vez que os moradores entrassem no mar e autorizaram três saídas de casa por dia, contra apenas uma até então.

Como muitos cipriotas, Eveledis afirma que respeitou ao pé da letra o confinamento, acompanhado por um toque de recolher noturno e por restrições que ele chamou de "justas".

Com apenas 15 mortes provocadas pelo novo coronavírus, a taxa de mortalidade por COVID-19 desta ilha da União Europeia é de 17 para cada milhão de habitantes (Chipre tem 875.000 habitantes). É a sétima menor da UE. A Bélgica, por exemplo, registra 680 mortes por milhão de habitantes.

Na Islândia, o plano de luta contra o vírus também passou por testes em larga escala. A ilha nórdica bate recordes mundiais de exames e, por sua baixa densidade da população, nunca impôs um confinamento.

A capital Reykjavik recomenda apenas que os islandeses - sem proibir - evitem reuniões com mais de 50 pessoas.

Kjartan Hreinn Njalsson, diretor adjunto da Saúde, afirma que o "rastreamento de contatos, a detecção rápida de casos (por meio de testes), a quarentena, o isolamento e a higiene pessoal" são os fatores que permitiram conter a pandemia.

"São importantes, se você estiver no Chipre, na Islândia, ou na França", completa.

Mas Njalsson admite que os países pouco populosos têm uma vantagem.

"Isto ajuda muito a mobilizar e convencer as pessoas. Somos apenas 360.000 pessoas, o que nos dá a oportunidade de criar um senso de comunidade", apontou.

Com uma economia muito dependente do turismo, o Chipre é uma das ilhas mais visitadas do mundo, assim como Islândia, ou Malta.

Uma das primeiras medidas adotadas pelo governo cipriota foi o fechamento dos aeroportos. O resultado é que, durante mais de duas semanas, o Chipre teve menos de dez novos casos por dia.

O mesmo acontece nos trópicos, como em alguns territórios franceses de ultramar, com exceção de Mayotte.

No Caribe, o arquipélago de Saintes não registra nenhum caso de COVID-19, graças à redução das ligações marítimas com Guadalupe. Lá, as contaminações também são escassas, graças à proibição das viagens.

Embora ajudem, o fechamento de fronteiras não pode durar para sempre, especialmente porque podem ter um impacto desastroso nas economias insulares, como o Chipre.

A reabertura dos aeroportos é um grande desafio, anunciou o ministro da Saúde, Constantinos Ioanou, em uma entrevista à AFP. Se o Chipre conseguir erradicar o vírus, o êxito pode ser comprometido pela chegada de um caso procedente do exterior.

"Uma das opções que temos é abrir os aeroportos aos (voos procedentes de) países que estão na mesma fase epidemiológica que nós", afirma Ioannou.

Outra alternativa seria controlar os turistas na chegada, mas isto exigiria testes capazes de apresentar um resultado confiável em uma hora, explica.

Para outras ilhas, o desafio inclui uma forte densidade populacional, como em Malta, que, com 1.375 pessoas por quilômetro quadrado, ainda não suspendeu as restrições de deslocamento.

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