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Pandemia não dá trégua nas Américas e Trump admite que pode piorar

22/07/2020 10h15

Washington, 22 Jul 2020 (AFP) - A pandemia de coronavírus continua avançando de forma preocupante no mundo, com um recorde de infecções na Austrália e um aumento de mortes em países como México, Brasil e Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump admitiu que a situação "vai piorar".

Desde que apareceu na China, em dezembro passado, o vírus causou 15 milhões de infecções e matou cerca de 617.000 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Quase um quarto dessas mortes (142.000) ocorreu nos Estados Unidos, o país mais atingido (quase 4 milhões de infectados) e cujo presidente subestimou repetidamente a gravidade da crise.

Mas, na terça-feira (21), o oitavo dia com mais de 60.000 novos casos, Trump mudou de tom: "Provavelmente e infelizmente, a crise vai piorar antes que haja uma melhora".

Vários estados do país estão passando por uma aceleração de infecções e mortes. Trump até aconselhou o uso de máscaras faciais, algo a que havia se oposto até agora.

Neste contexto, os Estados Unidos concordaram em pagar US$ 1,95 bilhão para garantir 100 milhões de doses de uma potencial vacina contra o coronavírus que está sendo desenvolvida pelo laboratório americano Pfizer e pela alemã Biontech, anunciaram as duas empresas nesta quarta-feira.

"O governo americano fez um pedido inicial de 100 milhões de doses por US$ 1,95 bilhão e pode comprar até 500 milhões de doses adicionais", disseram as duas empresas, que devem iniciar os testes clínicos da vacina em breve.

A crise sanitária tem sido propícia para tensões entre China e Estados Unidos. Vários jornais britânicos informaram, nesta quarta, que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ter sido "comprado" por aquele país. Pequim é acusada de esconder informações sobre o vírus e de espionagem na busca de uma vacina contra a COVID-19.

A China, por sua vez, acusou os Estados Unidos de "calúnias", depois que dois de seus cidadãos foram indiciados por ataques cibernéticos a empresas que buscam uma vacina contra o novo coronavírus.

A China também advertiu seus estudantes nos Estados Unidos para ficarem alertas, em meio à crescente tensão bilateral que pode levar a "arbitrariedades".

- Sofrimento sem fim -As Américas registram mais de 316.000 mortes por COVID-19 e 7,9 milhões de casos.

"A pandemia não mostra sinais de desaceleração na região", alertou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) na terça-feira.

Na América Latina e no Caribe, onde existem mais de 167.000 mortes e 3,9 milhões de infecções, o Brasil, com 2,1 milhões de infectados e mais de 81.000 óbitos, e o México, com 356.255 casos e 40.000 mortes, são os mais afetados.

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 1.367 mortes, e o México, 915.

Em outros países, o medo de uma segunda onda aumenta com o aparecimento de surtos preocupantes.

A Austrália anunciou nesta quarta 502 novos casos de coronavírus, o maior balanço já registrado no país.

Em Tóquio, as autoridades também pediram aos moradores que fiquem em casa nos próximos dias, a fim de evitar a propagação da doença.

- Esperanças em uma vacina -No âmbito econômico, os mercados mundiais foram impulsionados por um pacote de ajuda da União Europeia (UE) de 840 bilhões de dólares, que permitirá - especialmente no caso dos países mais afetados, como Espanha e Itália - enfrentar a profunda recessão prevista para 2020 devido à pandemia. A COVID-19 já deixou mais de 205.000 mortos na Europa.

Os legisladores em Washington também estão preparando um novo pacote de estímulos.

Mas as expectativas de se pôr fim à crise, que fez dezenas de milhões de desempregados e paralisou o comércio mundial, estão concentradas na produção de uma vacina.

Os estudos publicados esta semana deram esperanças de encontrá-la em breve, graças aos progressos de dois ensaios: o da Universidade de Oxford, em associação com o laboratório AstraZeneca; e o de pesquisadores de várias organizações na China, financiados pela CanSino Biologics.

Nos Estados Unidos, os laboratórios Pfizer, Merck e Moderna já advertiram que, se alcançarem a nova vacina contra o coronavírus, não a venderão a preço de custo.

Johnson & Johnson e AstraZeneca concordaram, por sua vez, em vender suas doses sem lucro, inicialmente.

E o Brasil se tornou o primeiro país a iniciar os testes de fase 3 da vacina chinesa Coronavac, disse o laboratório Sinovac Biotech à AFP.

Cerca de 9.000 médicos e paramédicos voluntários receberão a vacina nos próximos três meses, como parte do acordo entre o laboratório chinês e o prestigiado instituto de pesquisa brasileiro Butantan, para realizar os testes na última fase antes de sua homologação.

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