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Pandemia reduz emprego e aumenta a precariedade no Reino Unido

11/08/2020 11h01

Londres, 11 Ago 2020 (AFP) - O mercado de trabalho continuou em queda em junho e julho no Reino Unido devido à pandemia de COVID-19, com menos pessoas empregadas e um aumento da pobreza e da precariedade.

O Reino Unido perdeu 730.000 trabalhadores entre março e julho, a queda mais expressiva desde a crise financeira de 2009, anunciou o Instituto Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) britânico nesta terça-feira (11).

Em contrapartida, a taxa de desemprego permaneceu em 3,9% no período de abril a junho, próximo ao menor nível em 45 anos, já que 9,6 milhões de pessoas - desde agosto, segundo o governo - estavam em paralisação técnica.

O ONS destaca que os trabalhadores mais jovens ou de mais idade, assim como os que exercem uma atividade manual, foram os mais afetados pela perda de um trabalho remunerado.

Entre os que não trabalharam em junho, 300.000 não recebiam nenhuma renda e, no início de julho, 2,7 milhões de pessoas estavam registradas para receber benefícios de desemprego ou baixa renda.

Os números revelam um aumento da pobreza no Reino Unido, ainda mais com uma queda do nível dos salários desde março, segundo o ONS.

Prevê-se também um agravamento da precariedade, com um número "recorde" de contratos de "zero horas", sem garantia de um horário mínimo e com pouca ou nenhuma proteção social. De abril a junho, foram mais de um milhão de pessoas, o que corresponde a 17% em um ano.

Para a consultoria Capital Economics, "as falhas evidentes nos últimos números do relatório sobre o mercado de trabalho devem entrar em colapso em breve, com uma taxa de desemprego que deve subir 3,9%, a cerca de 7% em meados de maio de 2021".

O centro de estudos CEBR acrescenta que "o pior está por vir, com o fim próximo do desemprego parcial". A retirada dos subsídios começa em agosto e vai até o final de outubro.

- Recessão histórica -Sinal dos atuais cortes drásticos de equipe, a grande loja de departamento Debenhams anunciou nesta terça-feira um corte de 2.500 empregos.

O único ponto positivo é a oferta de emprego, que aumentou 10%, a 370.000, no período de maio a julho, assim como as vendas no varejo, que em junho aumentaram 4,3% em um ano, de acordo com a federação do setor BRC.

Em agosto, mais de 10,5 milhões de pessoas, segundo o Tesouro britânico, foram beneficiadas com o programa de subsídios de alimentação, lançado pelo ministro das Finanças, Rishi Sunak, para estimular as atividades de restaurantes e pubs, um dos setores mais castigados pelos três meses de confinamento.

Os economistas observam agora os números do PIB do segundo trimestre, aguardados para quarta-feira, e que devem confirmar que o Reino Unido enfrentou uma recessão histórica na primavera (hemisfério norte) devido à paralisação das atividades.

O ONS indicou, em sua primeira estimativa, uma contração de 2,2% do PIB no primeiro trimestre, seguida por um colapso histórico de 20,4% em abril e um leve aumento de 1,8% em maio.

Em comparação, Estados Unidos, Alemanha e França registraram uma contração de 9,5%, 10,1% e 13,8% respectivamente no mesmo período.

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