Topo

Delegação da África Ocidental chega ao Mali após golpe

22/08/2020 20h45

Bamako, 22 Ago 2020 (AFP) - O chefe de uma delegação de países da África Ocidental que chegou a Bamako neste sábado(22), o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, se declarou "muito otimista" após se reunir com a junta militar que tomou o poder no Mali após derrubar, na terça-feira, o presidente Ibrahim Boubacar Keita.

"Vimos o presidente Keita, ele está bem", declarou à noite Jonatham mediador da Comunidade Econômica da África Ocidental (Cedeao).

"As conversas foram muito boas", acrescentou.

Antes a missão da Cedeao havia se reunido por meia hora com o coronel Assimi Goita, líder do CNSP e novo homem forte do Mali.

"As discussões ocorreram em um ambiente muito aberto e sentimos uma vontade real de seguir em frente", disse o presidente da Comissão da Cedeao, Jean-Claude Kassi Brou, à noite.

"A Cedeao tem principalmente o papel de acompanhar o Mali. A solução que temos de encontrar, e penso que todos concordam, é uma solução que satisfaça o Mali em primeiro lugar, e que também seja benéfica para todos os países" da região, acrescentou.

Segundo ele, a missão da Cedeao espera que as discussões, que "começaram bem", terminem segunda-feira.

Ismaël Wagué, porta-voz dos militares, destacou que "as negociações com a Cedeao vão bem".

"Entendemos que chefes de Estado, como Alassane Ouattara, da Costa do Marfim, estão trabalhando para reduzir as tensões e a favor de uma solução pacífica, embora tenham condenado nossa tomada do poder. Estamos abertos ao diálogo", acrescentou.

No aeroporto, representantes da Cedeao já haviam sido recebidos pelo coronel Malick Diaw, número dois do CNSP, e Wagué.

As negociações podem levar a "algo bom para o país, bom para a Cedeao e bom para a comunidade internacional", disse Jonathan, mediador da crise no Mali.

- "Não estamos de acordo com o golpe" -A delegação da Cedeao se reunirá na manhã de domingo com os embaixadores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (França, Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha e China).

Os países vizinhos do Mali, reunidos em uma cúpula extraordinária, exigiram na quinta-feira a "reintegração" do presidente e decidiram enviar uma delegação a Bamako para apoiar um "retorno imediato à ordem constitucional".

Os militares no poder, que prometeram uma "transição política", foram saudados na sexta-feira no centro de Bamako por milhares de partidários da oposição, que há meses exigiam a saída do chefe de estado.

"Não há golpe, não há Junta, há apenas malineses que assumem suas responsabilidades", disse Mohamed Aly Bathily, um dos líderes da coalizão do Movimento 5 de Junho (M5-RFP).

Na manhã de sábado, várias dezenas de apoiadores de Keita tentaram se manifestar em Bamako, mas foram dispersados pela polícia.

"Estamos aqui esta manhã para mostrar que não concordamos com o golpe. Mas pessoas vieram nos atacar com pedras, e então as forças da ordem aproveitaram a agressão para dispersar nossos militantes", disse à AFP Abdoul Niang, militante da Convergência das Forças Republicanas (CFR).

Keita, eleito em 2013 e reeleito em 2018 por cinco anos, enfrenta um protesto sem precedentes desde o golpe de 2012 há meses.

Assim como a ONU, a União Europeia (UE) pediu na quarta-feira a libertação imediata dos prisioneiros e "um retorno ao Estado de Direito". Os Estados Unidos suspenderam a ajuda militar ao Mali na sexta-feira.

sd-kt-siu/mis/eg/jc/cc