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OMS adverte que desistir de conter o coronavírus é perigoso

OMS - Imagem: Askarim/Shutterstock
OMS Imagem: Imagem: Askarim/Shutterstock

26/10/2020 17h33

Genebra, 26 Out 2020 (AFP) - O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez um alerta hoje para o risco de se abandonar os esforços de controle da pandemia do novo coronavírus, como sugeriu um alto funcionário americano, afirmando que fazê-lo seria "perigoso".

"Nós não devemos desistir", disse Adhanom, durante um briefing virtual sobre a pandemia.

Ele admitiu que após meses de batalha contra o novo coronavírus, que deixou mais de 1,1 milhão de mortos em todo o mundo, instalou-se um certo nível de "fadiga da pandemia".

"É duro e a fadiga é real", disse Tedros Adhanom.

"Mas nós não podemos desistir", acrescentou, exigindo dos líderes para "equilibrar a perturbação para vidas e sustentos".

"Quando os líderes agem rápido, o vírus pode ser suprimido", acrescentou.

Seus comentários vêm um dia depois de o chefe de gabinete do presidente americano, Donald Trump, Mark Meadows, afirmar à CNN que o foco do governo mudou para a mitigação da pandemia e não está na erradicação do vírus.

"Nós não vamos controlar a pandemia. Vamos controlar o fato de termos vacinas, tratamentos e outras mitigações", disse Meadows, comparando a letal covid-19 a uma gripe sazonal.

Perguntando sobre os comentários de Meadows, Tedros Adhanom disse que concordava em que o enfoque na mitigação, e especialmente na proteção dos mais vulneráveis, é importante.

"Mas desistir do controle é perigoso", acrescentou.

O diretor-geral da OMS reforçou que a mitigação e o controle da pandemia "não são contraditórias. Podemos fazer ambas".

Enquanto os governos têm a responsabilidade de assegurar coisas, como testagem e rastreamento de contatos, ele enfatizou que todos têm a responsabilidade de conter a disseminação da covid-19.

"Os governos deveriam fazer a sua parte e nossos cidadãos, a deles, para minimizar a transmissão", afirmou.

"Não há soluções mágicas para este surto", insistiu.

"Ninguém mais quer os chamados 'lockdowns'. Mas se quisermos evitá-los, todos devemos fazer a nossa parte", acrescentou.

Quando perguntado sobre os comentários de Meadows, o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, também disse que os países não deveriam "desistir em tentar suprimir a transmissão".

"Houve muitos lugares nos Estados Unidos e em outras partes do mundo que enfrentaram muitos problemas em março e abril usando a mitigação", afirmou.

"Quando nossas salas de emergência ficaram superlotadas e caminhões frigoríficos foram levados para o fundo dos hospitais, essa é a realidade da mitigação de uma doença face a uma enxurrada de casos", acrescentou.

"Perdemos a capacidade de enfrentamento. E este é o temor agora", concluiu.