Bolsonaro anuncia Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde
Brasília, 16 Mar 2021 (AFP) - O presidente Jair Bolsonaro, anunciou nesta segunda-feira(15) que nomeará o cardiologista Marcelo Queiroga como ministro da Saúde, o quarto a ocupar o cargo, em um momento em que o sistema sanitária do país está à beira do colapso devido à pandemia do coronavírus, que já deixou quase 280.000 mortos.
"Foi decidido agora à tarde nomear o médico Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde", disse Bolsonaro em breve encontro com seus apoiadores no palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.
A nomeação será concretizada na terça-feira, quando for publicada no Diário Oficial e o processo de transição "levará cerca de duas semanas", acrescentou.
Bolsonaro fez o anúncio após reunião com Queiroga e horas depois que o atual ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, admitiu em entrevista coletiva que o presidente buscava substituí-lo para reorganizar a pasta.
"A conversa [com Queiroga] foi excelente", disse Bolsonaro, que entrou em conflito com os antecessores de Pazuello, que questionavam a falta de orientações 'científicas' por parte do presidente para enfrentar a pandemia.
Pazuello, por sua vez, tinha uma concepção militar de suas funções, acatando fielmente as orientações de Bolsonaro. "É simples assim: um manda e o outro obedece", disse o general em outubro.
Queiroga "tem tudo, no meu entender, para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo o que o Pazuello fez até hoje", disse Bolsonaro.
A nomeação de Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), ocorre em um momento em que o governo Bolsonaro é alvo de duras críticas pela gestão caótica da crise sanitária e por sua negação diante da gravidade da pandemia.
A segunda onda da pandemia está em plena ascensão no Brasil, com uma média semanal de mais de 1.800 mortos por dia (contra 703 no começo do ano), um crescimento potencializado por uma nova cepa do coronavírus, pelo menos duas vezes mais contagiosa.
- Mudança de rumo? -Para o epidemiologista Mauro Sanchez, da Universidade de Brasília, o novo ministro terá a delicada tarefa de tentar imprimir uma mudança de rumo na política sanitária do Brasil, que se tornou o epicentro mundial da pandemia.
"Sem controlar pandemia e o surgimento de novas mutações, o Brasil é percebido como uma ameaça", disse Sanchez à AFP.
O fato de Queiroga ser médico não garante o sucesso de sua missão, mas no atual contexto, "traz para a população certa tranquilidade, [dá] certa legitimidade ao cargo", acrescentou.
Antes de deixar o cargo, Pazuello anunciou a compra pelo governo de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer-BioNTech, que devem ser entregues até setembro, e que durante o segundo semestre chegarão 38 milhões de doses da vacina Janssen, de aplicação única, da farmacêutica americana Johnson & Johnson.
A concretização da compra é vital para acelerar a campanha de vacinação no Brasil, que experimenta desde fevereiro uma alta nos números de mortes e contágios, empurrando para a beira do colapso os hospitais de mais da metade dos 26 estados e do Distrito Federal e levando os governadores a ordenar mais restrições à circulação.
Com as compras anunciadas nesta segunda-feira, o Brasil tem encomendadas 562,9 milhões de doses de vacinas, que devem ser entregues até o fim do ano, informou o ministro.
Pazuello substituiu em junho de 2020 Nelson Teich, que durou menos de um mês o cargo e renunciou por se opor, assim como seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, aos medicamentos preconizados por Bolsonaro para tratar a infecção pelo vírus, sem comprovação científica de sua eficácia.
Tanto Teich quanto Mandetta, ambos médicos, apoiaram as medidas de confinamento impulsionadas pelos governadores e prefeitos, mas criticadas pelo presidente por causa de seu impacto econômico.
O presidente minimizou a doença, promoveu aglomerações sem máscara e semeou dúvidas sobre as vacinas, chegando a dizer que uma delas poderia provocar alterações genéticas e fazer um imunizado virar jacaré.
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