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Chefe da junta militar de Mianmar é excluído da cúpula da ASEAN

16/10/2021 12h56

Bandar Seri Begawan, Brunei, 16 Out 2021 (AFP) - O chefe da junta militar de Mianmar será excluído da próxima cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, nas siglas em inglês), anunciou a organização neste sábado (16), uma medida incomum de represália para um governo que não parece disposto a recuar.

Os ministros das Relações Exteriores da ASEAN decidiram em uma reunião virtual que Min Aung Hlaing não seria convidado para a cúpula que acontecerá de 26 a 28 de outubro em Brunei, país que assume a presidência temporária da organização.

A junta militar birmanesa criticou a decisão com dureza neste sábado, acusando a ASEAN de romper com a tradição do bloco de não interferir nos assuntos internos de seus Estados-membros.

"Mianmar está muito decepcionada e se opõe firmemente às conclusões da reunião dos ministros das Relações Exteriores (da ASEAN), já que essas discussões sobre a decisão da questão da representação de Mianmar ocorreram sem consenso e vão contra os objetivos da ASEAN", declarou o ministro das Relações Exteriores da junta em nota.

"Podemos ver também a interferência de outros países não-ASEAN", disse o porta-voz da junta, o general de brigada Zaw Min Tun à filial birmanesa da BBC.

O porta-voz mencionou discussões entre o secretário de Estado americano Antony Blinken e o enviado especial da ASEAN, o vice-ministro das Relações Exteriores de Brunei, Erywan Yusof, antes da reunião, e criticou também pressões da União Europeia.

A ASEAN, que reúne dez países do sudeste asiático, geralmente considerada ineficaz, tomou a decisão depois que a junta rejeitou o envio de um representante especial para dialogar com todas as partes interessadas, incluindo a ex-líder Aung San Suu Kyi, derrubada pelo exército em fevereiro.

O comunicado aponta "progressos insuficientes" na implementação de um plano de cinco pontos, adotado em abril, que deveria ajudar restabelecer o diálogo em Mianmar e facilitar a chegada de ajuda humanitária.

A junta interrompeu sua execução, atrasando a visita de Erywan Yusof, vice-ministro das Relações Exteriores de Brunei, designado enviado da organização em Mianmar depois de meses de negociações.

Alguns Estados-membros recomendam deixar "alguma margem de manobra para que Mianmar restabeleça os assuntos internos e volte à normalidade".

"É, acima de tudo, uma medida política paliativa para a ASEAN, para silenciar as críticas internacionais contra essa organização", opina Mustafa Izzuddin, especialista de relações internacionais do gabinete de assessoria Solaris Strategies na Singapura.

"Depois, quer estabelecer sua reputação como organização que ainda pode ter um papel ativo no sudeste asiático" afirmou à AFP.

A ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, declarou em um tuíte, após a reunião, que seu país propôs que Mianmar "não seja representado a nível político" na cúpula até que restabeleça "sua democracia por meio de um processo inclusivo".

Os principais integrantes da ASEAN apoiaram o apelo para que o enviado especial se reúna com Suu Kyi.

Em um comunicado conjunto, oito países, entre eles Estados Unidos e Reino Unido, junto à União Europeia, pediram na sexta-feira que a junta birmanesa permita que o enviado especial da ASEAN se reúna com a ex-líder birmanesa.

A junta prometeu organizar eleições e levantar o estado de exceção em 2023.

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