Macron repete ameaça de represálias ao Reino Unido por crise da pesca
Os líderes da França e do Reino Unido passaram a bola um ao outro neste domingo (31) no primeiro passo para desarmar a crise do acesso dos barcos pesqueiros franceses às águas britânicas, depois que Londres negou um consenso com Paris para amenizar a situação.
"A bola está do lado dos britânicos", afirmou o presidente francês em entrevista coletiva neste domingo, no final da cúpula do G20 em Roma e após se reunir horas antes com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
"Espero que amanhã haja uma resposta dos britânicos", acrescentou Macron, alertando que, caso isso não aconteça, as primeiras medidas retaliatórias preparadas pela França serão aplicadas a partir de terça-feira.
Após a reunião da manhã, a presidência francesa havia indicado que ambos concordaram com o objetivo de "adotar medidas práticas e operacionais o mais rápido possível para evitar um aumento da tensão" e que Paris examinaria na terça-feira se implementaria suas medidas de resposta. .
No entanto, logo depois, o porta-voz de Johnson negou qualquer consenso e instou a França a retirar suas "ameaças". "Se o governo francês quiser apresentar propostas para desescalar as ameaças que fizeram, vamos recebê-los", acrescentou.
Em coletiva de imprensa, o chefe do governo britânico confirmou que "a posição [de seu país] sobre a pesca não mudou" e explicou que manteve uma conversa "sincera" com o chefe de Estado francês.
Segundo Downing Street, Johnson também expressou "sua profunda preocupação com a retórica do governo francês nos últimos dias", referindo-se a uma carta do primeiro-ministro Jean Castex, divulgada pelo Politico, na qual defende deixar claro que abandonar a União Europeia tem consequências.
A França acusa o Reino Unido de conceder licenças pós-Brexit insuficientes aos seus pescadores e prometeu fechar seus portos aos navios de pesca britânicos a partir de terça-feira e apertar o controle dos caminhões, se não houver progresso.
Antes da cúpula do G20, que começou no sábado em Roma, a tensão aumentou ainda mais com a ameaça de Londres de aplicar "controles rigorosos" aos navios europeus em suas águas, se Paris aplicasse represálias.
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