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Brasil e EUA entram em reta final de negociação para limitar emissões
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Resumo da notícia
- Projeto envolveria metas para metano e CO2
- Gesto do governo brasileiro tem como objetivo reduzir a pressão sobre o país na COP26
- Desconfiança internacional sobre Brasil exigirá uma mudança profunda de postura do governo Bolsonaro, alertam negociadores
Os governos de Brasil e EUA entram em reta final de um processo negociador para fechar um acordo que limite as emissões de gases de efeito estufa. A negociação, segundo revelaram com exclusividade fontes do mais alto escalão da diplomacia nacional e da ONU ao UOL, está em sua reta final e um anúncio pode ser feito nos primeiros dias da Conferência do Clima, que começa hoje em Glasgow (COP26).
Sob forte pressão, a diplomacia brasileira busca formas para demonstrar ao mundo que está comprometida com a questão climática. Mas, com o presidente Jair Bolsonaro promovendo um desmonte das estruturas de controle e cortando recursos, o que impera entre os líderes é uma profunda desconfiança em relação às intenções do Brasil.
O trunfo, porém, pode vir de um acordo com o governo dos EUA. Há poucos dias, interlocutores brasileiros chegaram a conversar com John Kerry, representante do governo Joe Biden para o Clima.
Um dos elementos do acordo poderia ser o compromisso do governo brasileiro por uma redução significativa das emissões de gás metano até 2030. Europeus e americanos já indicaram um entendimento neste sentido. Mas não existe um consenso internacional. Austrália e Argentina, dois países com uma forte pecuária, alertam que não teriam como cumprir a meta sem afetar a criação de gado.
No Brasil, porém, há uma sinalização de que a modernização na agricultura poderia permitir que esse caminho fosse trilhado. Também no que se refere às emissões de CO2, o Brasil estaria disposto a fazer um gesto.
Desde 2019, o governo de Jair Bolsonaro vem insistindo que não iria "ceder" à pressão internacional sobre a Amazônia, inclusive alegando a existência de teorias da conspiração para justificar uma recusa em cooperar com o resto do mundo. Brasília também insiste que não é um grande emissor e que, portanto, não pode recair sobre o país esse peso.
Com o fim do governo de Donald Trump, porém, o maior escudo internacional que o Brasil tinha desabou. O país passou a ser afetado economicamente e comercialmente por gestos da Europa e de outros mercados, além da redução de fluxo de dinheiro de fundos de investimentos.
A opção da diplomacia brasileira foi por buscar brechas para cooperar. Um dos caminhos veio de Biden, que colocou sua equipe de negociadores para dialogar com o Brasil. Mas existem ainda profundas desconfianças por parte dos americanos sobre como garantir que as metas sejam atingidas.
Para Biden, um eventual acordo com o Brasil poderia ser alvo de duras críticas por parte de ambientalistas americanos. Movimentos sociais desconfiam das intenções de Bolsonaro, enquanto deputados democratas têm ampliado a pressão sobre a Casa Branca para impedir uma aproximação com Brasília.
Mas, na avaliação dos americanos e mesmo da ONU, a estratégia de isolar Bolsonaro ainda mais pode ser prejudicial para o planeta. Uma das interpretações é de que, enfraquecido e marginalizado das grandes decisões internacionais, um acordo com o Brasil neste momento poderia ser um instrumento importante para forçar o governo Bolsonaro a, pelo menos, limitar o desmonte de sua política ambiental.
Se confirmado, esse será o segundo acordo que o Brasil irá aderir em apenas uma semana. Também para os próximos dias o Itamaraty espera anunciar oficialmente o ingresso do país num esforço para reduzir o desmatamento.
Procurado pela reportagem, negociadores estrangeiros confirmaram que, tanto no G20 como na COP26, o governo brasileiro abandonou a postura intransigente que mantinha como os ministros Ernesto Araújo e Ricardo Salles. Mas, ainda assim, há uma enorme distância entre os gestos do Brasil e a volta de uma credibilidade internacional.
"Isso era o mínimo que se esperava do Brasil", alertou um dos negociadores. "A questão é saber agora se esses gestos são apenas para reduzir a pressão internacional ou se existe de fato interesse pela proteção ambiental", indicou.
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