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Coreia do Norte lança 'suposto projétil balístico'

11/01/2022 17h02

Seul, 11 Jan 2022 (AFP) - A Coreia do Norte lançou um "suposto projétil balístico" ao Mar do Leste - anunciaram as Forças Armadas sul-coreanas citadas pela agência de notícias Yonhap, menos de uma semana depois de Pyongyang ter testado um míssil hipersônico.

O projétil foi lançado de terra firme em direção ao mar situado ao leste da península coreana, às 7h27 (19h27 de segunda em Brasília) e percorreu cerca de 700 km, a pelo menos 60 km de altitude e a uma velocidade de Mach 10, relataram os comandantes do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.

Os mísseis hipersônicos alcançam, em geral, Mach 5, ou seja, cinco vezes a velocidade do som.

"Nossas Forças Armadas detectaram um possível míssil balístico disparado pela Coreia do Norte em terra para o Mar do Leste" nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (11), informou o comunicado da cúpula militar sul-coreana.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, confirmou o ocorrido e disse a jornalistas que a Coreia do Norte lançou "um objeto que poderia ser um míssil balístico".

O lançamento ocorreu depois que seis países, incluindo Estados Unidos e Japão, pediram à Coreia do Norte que cesse as "ações desestabilizadoras", antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o teste do míssil que Pyongyang chamou de "hipersônico".

"É extremamente lamentável que a Coreia do Norte continue lançando mísseis", completou Kishida.

França, Reino Unido, Irlanda e Albânia fortaleceram a crítica e pediram a Pyongyang que "participe de um diálogo condizente com nossa meta compartilhada de uma desnuclearização completa".

Os Estados Unidos também condenaram o lançamento, classificado por um porta-voz do Departamento de Estado americano como uma "ameaça para os vizinhos da Coreia do Norte e para a comunidade internacional".

Para as Forças Americanas na Coreia (USFK, na sigla em inglês), o teste é uma prova "das consequências desestabilizadoras do programa de armamento ilícito da RPDC (República Popular Democrática da Coreia)".

- 'Motivações políticas' -Analistas afirmaram que o Norte pode ter programado o lançamento para coincidir com a reunião da ONU.

"O lançamento tem motivações políticas e militares", disse à AFP o pesquisador Shin Beom-chul, do Korea Research Institute for National Strategy.

"A Coreia do Norte continua realizando testes para diversificar seu arsenal nuclear, mas programou este lançamento no dia da reunião do Conselho de Segurança para maximizar seu impacto político", acrescentou.

A frequência dos testes indica que Pyongyang poderá realizar outros lançamentos antes dos Jogos de Inverno de Pequim, em fevereiro, disse o professor Park Won-gon, da Ewha Womans University, em Seul.

O Norte foi vetado dos Jogos de Pequim por não ter participado dos Jogos de Tóquio devido a preocupações com a covid-19.

- Expansão bélica -Na década em que Kim Jong-un assumiu o poder, a Coreia do Norte experimentou um rápido avanço na tecnologia militar, pelo qual enfrenta sanções internacionais.

Apesar das grandes dificuldades econômicas sofridas durante a pandemia do coronavírus, Kim insiste em fortalecer a capacidade bélica de seu país.

Em 2021, a Coreia do Norte disse que testou com sucesso um novo tipo de míssil balístico lançado por submarino, uma arma lançada por trem e a ogiva hipersônica.

A Coreia do Sul questionou, porém, o fato de o Norte ter uma ogiva hipersônica. De acordo com Seul, o teste da semana passada mostrou um progresso limitado em relação aos mísseis balísticos existentes de Pyongyang.

Em uma reunião do partido governista norte-coreano em dezembro, Kim prometeu continuar a fortalecer o aparato militar nacional.

Enquanto isso, o diálogo entre Washington e Pyongyang continua paralisado, após o colapso das negociações de Kim com o então presidente americano, Donald Trump, em 2019.

Na atual gestão, do democrata Joe Biden, Washington expressou sua vontade de se reunir com as autoridades norte-coreanas, ao mesmo tempo em que insiste em sua desnuclearização.

Pyongyang descartou a proposta, acusando Washington de buscar políticas "hostis".

A Coreia do Norte enfrenta várias sanções internacionais por seus programas nucleares e de mísseis balísticos.

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