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Navalny 'não se arrepende' de nada, um ano após sua prisão ao retornar à Rússia

17/01/2022 14h42

Moscou, 17 Jan 2022 (AFP) - O principal opositor russo, Alexei Navalny, garantiu nesta segunda-feira(17) que "não se arrepende um segundo" de ter retornado à Rússia, onde foi detido há um ano, e exortou os seus compatriotas a "não terem medo".

"Fiz isso e não me arrependo nem por um segundo", escreveu nas redes sociais, sobre sua luta contra o Kremlin e seu retorno ao país, onde arriscou ser preso, após meses de convalescença na Alemanha.

Sua prisão foi o ponto de partida para uma onda de repressão contra a oposição, a imprensa e a sociedade civil consideradas críticas ao presidente russo, Vladimir Putin.

Navalny, outrora onipresente nas manifestações e nas redes sociais, agora só se expressa por meio de mensagens escritas postadas online por seus advogados.

"Depois de um ano de prisão, digo(...) o que já disse em tribunal: não tenham medo", acrescentou o opositor. "É o nosso país, e não temos outro."

Navalny foi vítima de um envenenamento em agosto de 2020, do qual acusou o Kremlin. Ele foi preso assim que retornou à Rússia em 17 de janeiro de 2021, após meses de hospitalização na Alemanha.

A publicação desta segunda-feira vem acompanhada de uma foto do opositor, vestido com uniforme de detento, na companhia de sua esposa Yulia.

- Outra vez diante da Justiça -Nesta segunda-feira Navalny se apresentou novamente por vídeo a um tribunal distrital de Petushki, na região de Vladimir, onde está preso, segundo imagens da rede independente online Dojd.

Desta vez, por duas queixas que apresentou contra a administração da prisão.

Uma de suas reclamações foi rejeitada e a outra foi adiada.

O ativista de 45 anos está cumprindo uma pena de dois anos e meio em uma colônia penal a cerca de cem quilômetros de Moscou por um caso de fraude, que ele descreve como "político".

Sua condenação provocou uma onda de condenação internacional e novas sanções ocidentais contra Moscou.

Nesta segunda-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, denunciou mais uma vez um veredicto "politicamente motivado" e reiterou em comunicado o apelo da UE para que Navalny seja "libertado imediatamente sem condições".

- "Inferno na Terra" -Um ano após sua prisão, "Navalny e os ativistas políticos vinculados a ele estão passando por um inferno na Terra", disse a Anistia Internacional nesta segunda-feira.

Desde então, "as autoridades russas lançaram uma campanha de repressão e represálias sem precedentes" contra Alexei Navalny e seus apoiadores, "destruindo qualquer vestígio de liberdade de expressão e associação", acrescentou a ONG.

A prisão de Navalny provocou vários dias de manifestações há um ano, mas elas foram duramente reprimidas.

O opositor também é ameaçado com uma condenação por "extremismo", o que significaria que ele teria que passar muitos anos na prisão.

A repressão ao seu movimento foi seguida por uma pressão crescente contra a mídia crítica ao Kremlin e contra as ONGs, que foram tachadas de "agentes estrangeiros", um status que dificulta seu trabalho e as confronta com sérios problemas legais.

Em dezembro, a emblemática organização Memorial, pilar da defesa dos direitos humanos na Rússia, foi banida.

Na semana passada, os dois principais colaboradores de Alexei Navalny foram adicionados à lista de "terroristas e extremistas" das autoridades.

A partir de agora, Ivan Jdanov e Leonid Volkov, ambos exilados, são considerados "terroristas e extremistas", segundo a lista do serviço russo de inteligência financeira Rosfinmonitoring, consultada pela AFP.

Os dois opositores, de 33 e 41 anos, estavam à frente do Fundo Anticorrupção (FBK) de Navalny e da rede regional de sua organização, até serem banidos pela justiça russa em junho de 2021.

Nesta segunda-feira, Leonid Volkiv considerou nas redes sociais que o dia 17 de janeiro "ficaria na história como o início do fim do putinismo".

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