Xiomara Castro assume presidência de Honduras e busca saída para crise política
Tegucigalpa, 27 Jan 2022 (AFP) - A esquerdista Xiomara Castro, a primeira mulher a governar Honduras, assume nesta quinta-feira (27) a presidência em um país afetado pela pobreza, a migração, o narcotráfico e a corrupção, enquanto tenta apagar uma crise no Parlamento que ameaçou sua liderança.
Castro, de 62 anos e esposa do ex-presidente destituído Manuel Zelaya, acabou com a supremacia da direita com uma coalizão liderada por seu partido, Liberdade e Refundação ('Libre').
Ela prestará juramento diante de 29.000 pessoas no Estádio Nacional, com a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, e o rei da Espanha, Felipe VI, como principais convidados.
Para concretizar seus planos de governo, Castro precisa do apoio do Parlamento, onde não tem maioria. E para piorar, duas alas rivais do 'Libre' decidiram eleger cada uma seu próprio presidente do Congresso, o que gerou uma crise.
O deputado rebelde Jorge Cálix, apoiado pela oposição de direita, o Partido Nacional e o Partido Liberal, se proclamou presidente do Legislativo, com o apoio de mais de 70 dos 128 membros do Congresso, incluindo 20 dissidentes do 'Libre'.
Mas Luis Redondo, que tem o apoio de Castro, conseguiu sua eleição com o apoio de 40 parlamentares titulares - 30 deles do 'Libre' - e um número similar de suplentes. Ele foi convidado a presidir a cerimônia de posse.
Cálix se rebelou contra o acordo do 'Libre' com os aliados do Partido Salvador de Honduras (PSH), de Redondo, para que presida o Congresso.
Durante a campanha eleitoral, o líder do PSH, Salvador Nasralla, desistiu da candidatura presidencial e entrou na chapa de Xiomara como vice-presidente.
Para controlar a crise, Castro ofereceu a Cálix o posto de Coordenador de Gabinete no governo. Ele ainda não respondeu.
Xiomara Castro acusa os dissidentes de estabelecer uma aliança com o Partido Nacional do atual presidente, Juan Orlando Hernández, para impedir as mudanças que ela prometeu.
Hernández foi acusado por promotores de Nova York de manter vínculos com o narcotráfico. Seu irmão, o ex-deputado "Tony" Hernández, cumpre pena de prisão perpétua nos Estados Unidos por este crime. Os dois negam as acusações.
- Crise migratória -Com a proposta de "socialismo democrático", Castro promete mudanças profundas em um país onde 71% dos quase 10 milhões de habitantes vivem na pobreza.
A taxa de homicídios é de quase 40 para cada 100.000 habitantes, provocada por cartéis de drogas e outros grupos criminosos.
Todos os problemas, adicionados à pandemia, provocam um grande fluxo migratório para os Estados Unidos, com hondurenhos em busca de emprego.
Xiomara Castro terá uma reunião nesta quinta-feira com Kamala Harris para abordar o tema migração, segundo uma fonte do governo dos Estados Unidos.
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