Palácio do governo peruano é alvo de buscas em investigação de corrupção
O Ministério Público do Peru informou nesta sexta-feira (11) a conclusão de uma operação de buscas nos escritórios do Palácio do Governo em Lima, como parte de uma investigação de suposta corrupção em contratos da petroleira estatal Petroperú, na qual já existe uma averiguação preliminar contra o presidente Pedro Castillo.
No Twitter, o órgão informou que a "Procuradoria executa a invasão e revista domiciliar para fins de apreensão no Palácio do Governo e em outros 14 imóveis vinculados à investigação pelo suposto direcionamento na aquisição do Biodiesel B100 - a cargo da Petroperú - em favor da empresa HPO S.A.", iniciais da peruana Heaven Petroleum Operators.
A operação incluiu a busca simultânea nas residências de funcionários da Petroperú, que segundo o MP "teriam sido coniventes e/ou interessados indevidamente" em favorecer a empresa HPO com a adjudicação do contrato de compra de combustível.
A hipótese fiscal sustenta que a irregularidade teria ocorrido por meio de acordos firmados "em 18 de outubro de 2021 no Gabinete Presidencial".
A presença de policiais e procuradores na sede da Presidência do Peru começou na madrugada de sexta-feira e durou por mais de 10 horas, até aproximadamente às 15h30 locais, quando deixaram a sede do Poder Executivo.
Um dos promotores presentes, Luis Alberto Medina, declarou brevemente aos jornalistas que "foram coletadas informações relacionadas ao caso Petroperú" e indicou que ninguém foi interrogado, pois as pessoas podem ser posteriormente intimadas pelo Ministério Público.
O funcionário não deu mais detalhes, alegando tratar-se de informação confidencial na investigação.
'Imunidade absoluta'
No início de janeiro, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito preliminar por este caso contra o presidente Pedro Castillo, por supostamente intervir em um processo de aquisição de biodiesel para beneficiar a HPO S.A., dirigida pelo empresário Samir Abudayeh, com "um contrato no valor de US$ 74 milhões".
No entanto, esclareceu que o processo ficaria suspenso até que Castillo completasse seu mandato de cinco anos, em 2026, já que o presidente conta com "imunidade absoluta que transcende a esfera processual penal" no Peru.
Para o advogado e ex-presidente da Transparência Internacional José Ugaz, esta operação "é um indicativo de que há suspeitas de envolvimento em atos ilegais no ambiente do presidente Castillo".
Ugaz, ex-procurador entre 2000 e 2002 no caso que levou à renúncia do ex-presidente peruano Alberto Fujimori há duas décadas, explicou à AFP que são necessárias explicações do presidente Castillo "tanto pela suposta interferência na nomeação de oficiais militares, quanto na o caso da Petroperú".
Ele considera que é preciso responder "por que o gerente-geral da Petroperú e a empresária lobista Karelim López entraram no Palácio do Governo para aparentemente conversar com o presidente ou sua comitiva".
Para Ugaz, as justificativas do presidente para a presença de personagens como López em seu ambiente "são inverossímeis".
Ele lembrou escândalos como as reuniões noturnas ocultas que o presidente Castillo realizou fora de sua residência oficial, que não constavam do registro presidencial e cuja lista de participantes não foi informada.
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