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Reciclagem química do plástico é uma 'falsa solução', denuncia ONG

07/03/2022 21h11

Washington, 8 Mar 2022 (AFP) - A reciclagem química do plástico, uma técnica recente, é uma "falsa solução", segundo um relatório publicado nesta segunda-feira (7) por uma organização ambientalista americana, que estudou o caso de oito fábricas nos Estados Unidos.

A reciclagem química é diferente da reciclagem mecânica, que é a mais utilizada no mundo.

Enquanto a segunda não permite a obtenção de plástico da mesma qualidade, a reciclagem química utiliza várias técnicas (alta temperatura, reação química, entre outros) para decompor o material em suas moléculas básicas.

Porém, de acordo com a ONG Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC, na sigla em inglês), as fábricas que usam esse processo, em sua maioria, não geram novos plásticos.

Na verdade, produzem principalmente combustível que depois é queimado, liberando assim grandes quantidades de resíduos poluentes, diz a ONG, que denuncia uma "maquiagem verde".

"As fábricas de reciclagem química não apenas não reciclam os resíduos plásticos de forma eficaz e segura, como também liberam substâncias poluentes no meio ambiente", afirmou a principal autora do relatório, Veena Singla.

Das oito fábricas estudadas, cinco se dedicam à produção de combustível, que depois queimam para produzir eletricidade. Como acontece com qualquer combustível fóssil, isso gera gases do efeito estufa que causam o aquecimento global.

Além disso, seis dessas fábricas estão autorizadas a liberar na atmosfera substâncias químicas denominadas HPAs (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos), resultantes do processo de reciclagem química, que provocam problemas de saúde.

"Transformar plástico em combustível não deve ser considerado reciclagem", ressalta o relatório.

A ONG investigou sobretudo uma fábrica no Oregon que coleta poliestireno e usa uma técnica de pirólise para reduzi-lo a estireno. Mas entre 2018 e 2020, segundo o NRDC, a fábrica da Agilyx enviou 150 toneladas desse estireno "para ser queimado em vez de transformado em plástico".

Além disso, em 2019, cerca de 230 toneladas de resíduos perigosos, como benzeno, chumbo e cádmio, foram encaminhados para outros locais para serem queimados.

Contactada pela AFP, a empresa declarou que o estireno obtido foi utilizado "para criar novos produtos equivalentes de poliestireno" e que o processo não gerava uma "quantidade significativa de resíduos perigosos".

O percentual de resíduos plásticos reciclados no planeta não chega a 10%, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A ONU lançou negociações para um tratado global contra a poluição plástica. Para o NRDC, a única solução é reduzir as quantidades produzidas: "o mundo está se afogando em plástico e devemos fechar a torneira".

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