Topo

Esse conteúdo é antigo

ONU faz apelo por apoio ao Afeganistão para evitar uma crise maior

A ONU pediu ao mundo para apoiar o Afeganistão em uma conferência internacional que busca arrecadar US$ 4,4 bilhões em assistência humanitária - Ali Khara/Reuters
A ONU pediu ao mundo para apoiar o Afeganistão em uma conferência internacional que busca arrecadar US$ 4,4 bilhões em assistência humanitária Imagem: Ali Khara/Reuters

31/03/2022 13h45Atualizada em 31/03/2022 14h20

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterrres, apelou, nesta quinta-feira (31), aos doadores mundiais a "deter a espiral mortal" que ameaça a economia do Afeganistão, na abertura da conferência virtual para arrecadar ajuda para esse país.

"Um milhão de crianças gravemente mal-nutridas estão à beira da morte", afirmou Guterres, que trata de mobilizar a quantia recorde de 4,4 bilhões de dólares em ajuda humanitária para a colapsada economia afegã.

A conferência de doadores, co-organizada pelas Nações Unidas, pelo Reino Unido, pela Alemanha e pelo Catar, pretende triplicar a quantidade solicitada em 2021, no maior levantamento realizado para um só país.

No entanto, até agora, conseguiu apenas 13% da soma necessária.

"Sem uma ação imediata, vamos nos confrontar com uma crise de carestia e mal-nutrição no Afeganistão", advertiu Guterres. Algumas pessoas já estão "vendendo os seus filhos e partes do seu corpo para alimentar suas famílias", destacou.

"Os países ricos e poderosos não podem ignorar as consequências de suas decisões sobre os mais vulneráveis", explicou o secretário-geral da ONU.

A conferência de doadores acontece uma semana depois do fechamento das escolas de Ensino Médio para mulheres por parte do regime Talibã, o que gerou indignação mundial, apesar da promessa do grupo de apresentar uma versão moderada de seu duro regime anterior que vigorou entre os anos de 1996 e 2001.

Os talibãs tomaram o poder no Afeganistão em 15 de agosto do ano passado, após a retirada apressada das tropas internacionais lideradas pelos Estados Unidos. A crise humanitária se agravou desde então.

A ONU, o Reino Unido, a Alemanha e o Catar, co-anfitriões da conferência virtual, condenaram o fechamento dos colégios femininos, mas insistiram que a comunidade internacional não deve abandonar o país, que tem 60% da população com necessidade de ajuda para subsistir.

Também pediram aos doadores que não caiam na armadilha de esquecer a crise no Afeganistão pela atenção que prestam à invasão russa à Ucrânia.

"A Ucrânia é de vital importância, mas o Afeganistão apela a nossas almas por compromisso e lealdade", declarou o coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths, ao discursar de Cabul.

A ONU busca arrecadar o triplo do valor solicitado em 2021, mas até agora só obteve 13% da quantia requerida.

A organização indicou que o Afeganistão está próximo de um colapso econômico: mais de 24 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

"Precisamos evitar o pior no Afeganistão, por isso pedimos aos doadores que sejam generosos", disse Griffiths.

O diplomata britânico afirmou que serviços básicos como saúde e educação estão "de joelhos", enquanto milhões de pessoas não têm acesso a empregos e muitos fazem empréstimos para sobreviver.

"E como se as coisas não pudessem piorar mais, o país sofre a pior seca em décadas", acrescentou.

Griffiths disse esperar que medidas como o fechamento dos colégios de Ensino Médio para mulheres sejam "revogadas em um futuro próximo".

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, disse que os talibãs devem escutar do mundo muçulmano que "os ensinamentos do islã não marginalizam as mulheres".

"Entendemos a sensibilidade de fazer doações ao Afeganistão neste contexto, mas insistimos também na importância de não isolar o Afeganistão. Isso legitima as posturas radicais", declarou Ansari.