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Xangai flexibiliza lockdown com precaução em meio a registro de novas mortes por covid

19.abr.2022 - Pessoas em uma rua durante o lockdown de covid no distrito de Jing"an, em Xangai - Hector Retamal/AFP
19.abr.2022 - Pessoas em uma rua durante o lockdown de covid no distrito de Jing'an, em Xangai Imagem: Hector Retamal/AFP

Em Pequim

20/04/2022 07h18

A cidade chinesa de Xangai, confinada desde o início de do mês, anunciou hoje uma flexibilização cautelosa das medidas sanitárias restritivas, apesar do aumento do número de mortes provocadas pelo surto de covid-19, que afeta a economia do país.

O mal-estar domina muitos habitantes da capital econômica da China, exasperados pelas dificuldades de para obter alimentos durante o confinamento e com o isolamento forçado das pessoas que testam positivo para covid em centros de quarentena de conforto e higiene questionáveis.

Além disso, as medidas de confinamento, previstas inicialmente para quatro dias, provocaram problemas nas redes de abastecimento e paralisaram a produção de muitas empresas.

Diante do cenário, as autoridades municipais anunciaram nesta quarta-feira uma relativa flexibilização do confinamento domiciliar dos 25 milhões de habitantes para que mais de 12 milhões possam sair de suas casas, mas sem autorização para deixar seus bairros.

O nível de deslocamento permitido geralmente depende da tolerância dos voluntários do Partido Comunista, que aplicam medidas anticovid com mais ou menos zelo.

A China defende sua estratégia de 'covid zero' e mostra muita prudência diante dos contágios, especialmente entre idosos, pessoas vulneráveis e não vacinados.

As medidas não conseguiram conter o foco da doença em Xangai, que registrou 18 mil novos casos hoje e sete mortes, todas de pessoas com comorbidades e cinco delas com mais de 70 anos.

Desde março, Xangai acumula mais de 400 mil infecções e 17 mortes provocadas pela doença, as primeiras delas anunciadas na segunda-feira.

O balanço oficial de mortes é pequeno em relação ao número de casos, mas alguns analistas questionam os números, especialmente pelo fato de a população de idade avançada da China apresentar baixos níveis de vacinação.

Como comparação, Hong Kong, onde a população idosa também apresenta reduzido índice de vacinação, registrou quase 9 mil mortes em um total de 1,18 milhão de casos pelo surto da variante ômicron iniciado em janeiro.

A estratégia 'covid zero', que inclui confinamentos rígidos, testes em larga escala e restrições nas fronteiras, permitiu a China registrar níveis reduzidos de infecção na comparação com a maioria dos países, que agora apostam em conviver com o vírus.

As medidas, no entanto, provocam um impacto nos transportes e fábricas, o que levou as autoridades a elaborar uma "lista branca" de indústrias e empresas cruciais que devem prosseguir com as atividades.

Mais de 600 grupos selecionados ficam em Xangai, principal motor econômico do país. A cidade também abriga uma fábrica da empresa americana Tesla, que retomou na terça-feira a produção após 20 dias de suspensão.

O trabalho também está sendo retomado no nordeste do país, berço de sua indústria automobilística, onde dezenas de milhões de pessoas permaneceram confinadas nas últimas semanas.