Acusado mais velho de crimes nazistas nega ter sido guarda de campo de extermínio
Josef Schütz, de 101 anos, a pessoa mais velha acusada de crimes nazistas na Justiça, negou nesta segunda-feira (27) que tenha sido guarda de um campo de concentração alemão durante a Segunda Guerra Mundial, no penúltimo dia de seu julgamento.
Schutz, cujo processo começou em outubro, está sendo julgado por "cumplicidade" no assassinato de 3.518 prisioneiros quando trabalhava, segundo a acusação, entre 1942 e 1945, no campo de Sachsenhausen, no norte de Berlim. A Promotoria pediu em maio cinco anos de prisão.
"Não sei por que estou aqui. Digo a verdade. Não tenho nada a ver com a polícia e o exército, tudo o que foi dito é falso", disse o acusado, com a voz trêmula.
Vestido com uma camiseta cinza e uma calça de pijama, entrou na sala de audiência do tribunal em Brandeburgo Havel, 70 quilômetros ao oeste de Berlim, em cadeira de rodas.
Antes, ouviu sem reagir os argumentos de seu advogado que, sem surpresas, pediu sua absolvição.
"Aos 101 anos, ele é o acusado mais velho da história alemã, portanto peço sua absolvição", disse o advogado Stefan Waterkamp. "Não temos uma foto dele com um uniforme das SS", há apenas "pistas" de sua possível atividade em Sachsenhausen, afirmou.
"Já em 1973, os investigadores tinham informações sobre ele, mas não o processaram. Na época foi possível ouvir as testemunhas, mas agora estão todos mortos ou não podem falar", acrescentou.
"O perigo deste tribunal seria tentar corrigir os erros da geração anterior de juízes", afirmou Waterkamp.
"Esta pessoa é muito velha, não quer mais se lembrar. É uma forma de defesa. Mas isso não é muito grave porque para mim não é questão de colocar um homem centenário na prisão", disse à AFP Antoine Grumbach, de 80 anos, cujo pai, que participou da resistência na França, morreu em Sachsenhausen.
"O mais importante é que possamos coletar e mostrar todos os documentos que provam que Sachsenhausen era um campo de extermínio experimental: todos os métodos mais cruéis foram inventados lá e depois exportados", acrescentou.
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