Cúpula de espécies ameaçadas começa no Panamá com pedidos de combate ao tráfico
A conferência sobre comércio internacional de espécies ameaçadas da fauna e da flora silvestres começou nesta segunda-feira (14), no Panamá, com pedidos para incrementar a luta contra as organizações criminosas dedicadas a este negócio lucrativo.
A COP19 da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Silvestres (CITES, na sigla em inglês) conta com a participação de delegados de mais de 180 países e especialistas em conservação, que vão examinar 52 propostas para modificar os níveis de proteção estabelecidos anteriormente.
Na cúpula, que terminará em 25 de novembro, serão abordados, entre outros temas, os avanços na luta contra os grupos que traficam plantas e animais ameaçados, um negócio que movimenta cerca de 15 bilhões de dólares ao ano no mundo, segundo a ONG World Wildlife Fund (WWF).
"Apesar de esforços consideráveis, os crimes contra a vida silvestre continuam representando um sério desafio e devemos abordá-los com prioridade máxima", destacou a secretária-geral da Convenção, a panamenha Ivonne Higuero, em declarações antes da abertura.
"Os grupos criminosos envolvidos devem ser levados à Justiça", acrescentou Higuero.
- Conservar e regular -
"Nas duas próximas semanas, as Partes da CITES vão discutir uma ampla variedade de temas críticos e tomarão importantes decisões para conservar e regular o comércio internacional de espécies ameaçadas", assinalou a secretária-geral.
A CITES, que entrou em vigor em 1975, estabelece regras de comércio internacional sobre mais de 36.000 espécies silvestres, desde a concessão de permissões até a proibição total. Seus signatários são 183 países e a União Europeia.
A conferência no Panamá começou sob a sombra e a influência de outras duas cúpulas da ONU que também são cruciais para o futuro da vida no planeta: a COP27 sobre o clima, que acontece no Egito, e a COP15 sobre a biodiversidade, que será realizada em dezembro em Montreal, no Canadá.
- Tubarões, répteis e pau-brasil -
Na agenda, há uma proposta sobre os riscos de zoonoses, as doenças transmitidas por animais a humanos, tema que ganhou importância com a pandemia de coronavírus. A conferência do Panamá é a primeira após o surgimento da covid-19.
Além disso, será debatido se os tubarões da família carcharhinidae (que incluí espécies como o tubarão-tigre, o tubarão-azul e o tubarão-touro), os tubarões-martelo e as arraias da família rhinobatidae serão incluídas no Anexo II da CITES, que corresponde às espécies cujo comércio está estritamente limitado.
Diversas ONGs defendem uma maior regulação sobre o comércio de tubarões, cujas barbatanas são o ingrediente de uma sopa muito apreciada na Ásia Oriental, onde pode custar até 1.000 dólares o quilo.
Paralelamente, a ONG Wildlife Conservation Society (WCS) indicou em um comunicado que seus "especialistas estão descrevendo a COP19 como a 'COP dos répteis', devido, em parte, às propostas individuais sobre 12 tartarugas que serão avaliadas na CITES esta semana".
Efetivamente, três espécies de crocodilos, três de lagartixas, várias serpentes e 12 tartarugas de água doce foram propostas para serem inscritas no Anexo I (de proibição total) ou no Anexo II (de comércio permitido sob condições).
No que diz respeito à flora, o mogno-africano poderia ser incluído no Anexo II, assim como certas espécies de ipês.
O Brasil, por sua vez, tem causado preocupação entre os músicos com sua proposta de proibir totalmente o comércio de pau-brasil (também conhecido como pau-pernambuco), uma madeira protegida utilizada para a fabricação de arcos para violinos, violas, violões-celo e contrabaixos. Contudo, o país parece carecer de opções para conseguir os dois terços de votos necessários.
fj/yow/rpr/mvv
© Agence France-Presse
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