Instituições econômicas elogiam fim da política de 'covid zero' na China
Os chefes de várias instituições econômicas internacionais elogiaram nesta sexta-feira (9) a decisão da China de flexibilizar sua política de "covid zero", o que a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, descreveu como um passo "decisivo" em frente.
O relaxamento das restrições sanitárias é uma boa notícia para a economia mundial, que atravessa dificuldades, declarou a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) após uma reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Huangshan, no leste da China.
As autoridades de saúde chinesas anunciaram na quarta-feira uma flexibilização geral das restrições sanitárias, depois de uma onda de protestos, e também com a esperança de dar impulso à segunda maior economia mundial.
Entre as principais medidas anunciadas estão o fim dos testes de PCR sistemáticos e em larga escala, a possibilidade de isolamento domiciliar para casos leves e assintomáticos e uma aplicação mais limitada dos confinamentos.
"Saudamos as ações decisivas tomadas pelas autoridades chinesas (...) para recalibrar a política de covid", declarou Georgieva em entrevista coletiva com líderes de outras instituições econômicas internacionais.
Além disso, o esforço da China para aumentar a imunização entre sua população é positivo "para o povo chinês, mas também é importante para a Ásia e o resto do mundo", acrescentou Georgieva.
"O desempenho da China é importante [não apenas] para a China, mas também para a economia mundial", afetada pelas consequências da guerra na Ucrânia e pela inflação, acrescentou.
A economia mundial foi atingida este ano pela invasão russa da Ucrânia, juntamente com uma recuperação parcial após a pandemia e uma crise do custo de vida em muitos países.
O abandono progressivo da estratégia de "covid zero" vai contribuir "para eliminar uma série de incertezas", ressaltou Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), durante a mesma coletiva de imprensa.
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann, acrescentou que esses "ajustes apoiarão a força da recuperação [econômica] tanto na China quanto no mundo".
- Retorno longo à normalidade -
A drástica decisão da China de aliviar a maior parte de suas restrições sanitárias também foi aplaudida pelos mercados financeiros, preocupados com uma possível recessão nos Estados Unidos.
Mas muitos analistas alertam que o retorno à normalidade no país mais populoso do mundo será longo e caótico, já que a China enfrenta atualmente um aumento dos casos de covid.
A revolta popular no gigante asiático explodiu no final de novembro, quando milhares de manifestantes saíram às ruas em uma dezena de cidades, exigindo o fim da política de "covid zero" e, em alguns casos, até pedindo a saída do presidente Xi Jinping.
Os protestos, que surpreenderam as autoridades, foram os mais importantes desde as mobilizações pró-democracia de Tiananmen (Praça da Paz Celestial) em 1989.
A rígida política de saúde da China, que forçou a interrupção de linhas de produção em razão dos confinamentos, também afetou severamente a economia do gigante asiático, que este ano experimentará uma das taxas de crescimento mais lentas em quatro décadas.
A meta oficial de aumento de 5,5% do PIB não é mais considerada possível pela maioria dos economistas.
A coletiva de imprensa de Li Keqiang nesta sexta-feira também foi sua despedida como primeiro-ministro, que se aposenta aos 67 anos.
mjw-reb-ka/pc/es/mr
© Agence France-Presse
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