São Paulo tem ato 'em defesa da democracia' após ataque em Brasília
Centenas de pessoas se concentraram nesta segunda-feira (9), em São Paulo, "em defesa da democracia" e para exigir punição para os bolsonaristas que invadiram as sedes dos Três Poderes no domingo, em Brasília, em protesto contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu não vivi o que vivi para assistir ao que assisti ontem, que meu povo, a minha terra, esteja dividida desse jeito, é inadmissível, triste, estar aqui é estar em defesa da democracia", disse à AFP Edi Valladares, uma professora de 61 anos.
Ao lado desta manifestante, que estava parada em uma calçada da Avenida Paulista, foram colocados cartazes com mensagens como "Estamos com Lula e pela democracia", "Respeito ao voto popular" ou "Prisão para os golpistas".
Jovens, famílias inteiras, sindicatos, torcedores de futebol, coletivos antirracistas, antifascistas e LGBTQI+ encontraram-se na noite desta segunda-feira na Avenida Paulista, um dia depois que milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto, sede do Executivo, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Os bolsonaristas exigiam uma intervenção militar contra o governo de Lula, que assumiu o poder em 1º de janeiro para um terceiro mandato (2003-2010), após vencer o segundo turno das eleições presidenciais contra Bolsonaro por uma margem estreita.
Os incidentes, que deixaram 1.500 presos até o momento e uma destruição considerável em Brasília, foram classificados como "atos terroristas" por Lula e pelos titulares dos outros poderes da República em uma incomum declaração conjunta. Além disso, provocaram uma rejeição unânime na comunidade internacional.
"Eles têm que responder pelos atos que fizeram, mas sem violência", afirmou Rafael Maschio, um publicitário de 40 anos que se protegia da chuva com um casaco do Santos FC, o clube de Pelé, falecido há uma semana vítima de um câncer.
A poucos metros, o advogado Celso Nakamura, 55 anos, ponderava uma dúvida que perturba muitos brasileiros, incluindo o presidente: "Por que as forças de ordem não se prepararam para impedir o avanço dos bolsonaristas e reagiram tarde?".
"O que aconteceu em Brasília é inaceitável. Nós, como povo, temos que ser democratas, independentemente de partido, de lado político", afirmou.
Ao seu lado, Inalda Celina Madio, de 68 anos, participava pela primeira vez de uma manifestação.
"Eu evitava (manifestações) por medo de alguma confusão, mas perdi o medo. O que aconteceu em Brasília foi um horror, com a conivência total de quem deveria nos proteger", lamentou esta aposentada.
raa/atm/am/mvv
© Agence France-Presse
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