Nobel ucraniana pede julgamento de 'criminosos de guerra' russos
Uma das ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz de 2022, a ativista ucraniana Oleksandra Matviichuk pediu que a comunidade internacional "faça os criminosos de guerra russos prestarem contas".
Em entrevista hoje à AFP, Matviichuk afirmou que "devemos romper o círculo da impunidade" e convocou as Nações Unidas e a UE (União Europeia) a apoiarem o pedido ucraniano de um tribunal especial capaz de julgar funcionários de alto escalão do governo russo, incluindo o presidente Vladimir Putin.
Embora reconheça que será uma "tarefa difícil" conseguir que uma maioria de países apoie esse objetivo, Matviichuk insiste em que esse é um passo indispensável para qualquer paz de pós-guerra.
"Não haverá paz sustentável sem justiça", frisou.
A ONG ucraniana dirigida por Matviichuk, o Centro para as Liberdades Civis, dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2022 com a organização russa de direitos humanos Memorial e com o ativista bielorrusso pró-democracia Ales Bialiatski, que está preso.
Fundado em 2007, o Centro para as Liberdades Civis de Matviichuk fez campanha pelo estado de direito e pela democracia na Ucrânia. Essa ação se tornou mais difícil com a ofensiva militar da Rússia, mas não caiu no esquecimento, garante ela.
"Temos duas tarefas principais: sobreviver e resistir, e continuar nosso caminho democrático", disse Matviichuk.
"Ainda somos uma nação em trânsito e não podemos concentrar energia apenas neste caminho de reforma. Temos uma guerra com a Rússia, em paralelo", acrescentou.
Matviichuk afirmou ainda que, desde o início da ofensiva russa no ano passado, "não podemos nos dar ao luxo de nos concentrarmos em um único objetivo. Temos de lutar por nossa sobrevivência. E temos de seguir em frente para ingressarmos na União Europeia".
A ambição da Ucrânia de se tornar um membro pleno da UE pode levar muitos anos, conforme avaliação de diferentes autoridades do bloco.
Para a ativista, tornar-se parte da União Europeia significa fazer parte do "espaço da civilização europeia".
"Nos juntarmos à UE significaria que teremos a oportunidade de construir nosso país, onde os direitos de todos são protegidos", completou.
Matviichuk estava na Universidade de Leuven, na Bélgica, nesta quinta-feira, para receber o título de doutora honoris causa, ao lado do cineasta israelense-palestino Elia Suleiman e de Adelle Blackett, professora de direito da Universidade McGill, do Canadá.
O trio será reconhecido por sua luta em favor dos direitos civis e de uma sociedade mais justa.
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