Topo

Esse conteúdo é antigo

Dezoito migrantes são encontrados mortos em caminhão abandonado na Bulgária

Policiais trabalham para retirar corpos dos imigrantes do caminhão perto de Sofia, na Bulgária - 17.fev.2023 - Dimitar Kyosemarliev/Reuters
Policiais trabalham para retirar corpos dos imigrantes do caminhão perto de Sofia, na Bulgária Imagem: 17.fev.2023 - Dimitar Kyosemarliev/Reuters

17/02/2023 11h25

Dezoito migrantes foram encontrados mortos nesta sexta-feira (17) em um caminhão abandonado perto de Sófia, e outros foram resgatados, alguns deles em estado grave, informaram autoridades da Bulgária, país dos Bálcãs que enfrenta um aumento inédito do fluxo de pessoas que tentam entrar clandestinamente em seu território.

Segundo as primeiras informações fornecidas pelo governo, o caminhão levava ilegalmente 52 pessoas, escondidas em meio a madeira.

"Eles morreram asfixiados, havia muitas pessoas amontoadas em um espaço muito pequeno", disse à AFP o vice-procurador-geral, Borislav Sarafov. Foi a tragédia mais letal que a Bulgária experimentou em termos de imigração, acrescentou.

Segundo a rádio pública BNR, tratam-se de afegãos, todos homens jovens. Os moradores do local alertaram a polícia sobre a presença de um caminhão abandonado perto do povoado de Lokorsko, a cerca de 20 km da capital. 

A polícia está em busca dos traficantes fugitivos, informaram as autoridades. 

Entre os sobreviventes, 14 foram levados para o hospital, e oito deles se encontram em estado grave, segundo o ministro da Saúde, Assen Medjidiev. Outras dez pessoas, que se esconderam na mata, foram encontradas.

Porta de entrada para a União Europeia (UE), a Bulgária registrou, no ano passado, um aumento da migração clandestina em seu território, apesar da instalação de cercas de arame farpado ao longo de mais de 230 km na fronteira com a Turquia.

- Precedente trágico -

Em dezembro, a Bulgária teve sua entrada no espaço Schengen de livre-circulação negada, após uma década de espera pelo veto da Áustria e da Holanda. Desde então, intensificou os controles fronteiriços.

As autoridades recorreram, por vezes, a métodos brutais, segundo testemunhos recentes ouvidos pela AFP, relatórios de ONGs e da Frontex, a agência europeia de vigilância das fronteiras. 

A polícia diz ter impedido 164.000 tentativas de chegada em 2022, contra 55.000 no ano anterior. 

Este país dos Bálcãs pediu 2 bilhões de euros (em torno de R$ 11 bilhões) à UE para modernizar e reforçar as cercas de arame farpado existentes. A pressão de parte dos países do bloco parece tender para essa solução. 

A migração volta a ser um dos temas centrais da UE, com o aumento das chegadas irregulares e dos pedidos de asilo em 2022, uma situação que levou ao limite a capacidade de acolhimento de vários países. 

Em outubro de 2021, 12 países pediram à UE para financiar este tipo de muros, na tentativa de conter a chegada de migrantes por Belarus.

A tragédia desta sexta-feira na Bulgária lembra a descoberta, em 2019, de 39 vietnamitas mortos em um caminhão frigorífico perto de Londres. 

A Áustria viveu um drama parecido, também em 2019. A polícia encontrou um caminhão refrigerado abandonado em uma estrada perto da fronteira húngara. Em seu interior, havia 71 corpos de homens, mulheres e crianças, em estado de decomposição.

Em 2000, os corpos de 58 migrantes chineses em situação clandestina foram descobertos em um caminhão holandês no porto de Dover, no sudeste da Inglaterra. Duas pessoas sobreviveram. 

Em países como Itália, Holanda, Irlanda e Croácia, também houve casos semelhantes, com menos vítimas.

vs-bg-anb//ib/mis/avl/tt/mvv;lb

© Agence France-Presse