Topo

15 anos de reviravoltas: jovem diz ser Madeleine e volta a pôr fogo no caso

Garota que mora na Polônia diz ser Madeleine - Reprodução
Garota que mora na Polônia diz ser Madeleine Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

17/02/2023 14h56Atualizada em 17/02/2023 15h33

O surgimento de uma jovem que diz ser Madeleine McCann reacendeu o interesse em um dos casos de desaparecimento mais comoventes das últimas décadas. Em 3 de maio de 2007 - há 15 anos, portanto -, a garotinha britânica sumiu em um resort em Algarve (Portugal), dando início a uma busca seguida de perto pela imprensa, tanto por ela, quanto por quem a teria raptado.

Desde 2020, trata-se o pedófilo alemão Christian Brueckner como autor do crime. Ele foi indiciado formalmente e ainda se aguarda que ele seja julgado, mas a polícia alemã, que o prendeu, trabalha com a hipótese de que Madaleine tenha sido morta por Brueckner.

Júlia é Madeleine?

Julia Faustyna é a garota que abriu uma conta no Instagram para dizer que é Madeleine. O perfil se chama "Eu sou Madeleine McCann", na tradução para o português, e fez seu primeiro post na terça-feira (14). Ela afirma morar em Breslávia, na Polônia.

A página publica montagens e supostas evidências, com Julia apontando semelhanças entre suas fotos atuais e as de antes do desaparecimento. Madeleine nasceu em maio de 2003 e, portanto, estaria prestes a completar 20 anos.

Julia diz precisar de um teste de DNA. Ela reclama que investigadores da polícia do Reino Unido e da Polônia a ignoram. Ela também pede que a ajudem a chegar até Kate e Gerry McCann, pais de Madeleine.

A jovem diz que não consegue se lembrar da maior parte de sua infância. Julia afirma sofrer de "amnésia pós-traumática" e se lembrar de poucas coisas, como das "férias em um país quente com apartamentos brancos".

Acho que posso ser a Madeleine. Estou em contato com uma pessoa da fundação polonesa de pessoas desaparecidas. Provavelmente farei teste de DNA, mas depende da decisão da polícia.

Mãe de Julia a desmente

Prints postados por Julia mostram que sua própria mãe desmente as alegações. A mulher diz que a filha está "armando um circo" e que ela precisa de ajuda psiquiátrica.

Eu vou vender a casa e nenhum de nós vai nem atender o telefone se você ligar, por tudo o que você fez e a vergonha que você me fez passar. Mãe de Julia, em print de WhatsApp

A mãe diz que tem fotos e vídeos de quando ela era recém-nascida. "Você está doente, Julie. É só isso que vou dizer".

Jovem que diz ser Madeleine McCann compartilhou prints de conversa com a mãe em polonês; a mãe diz que a garota está doente e precisa de ajuda psiquiátrica - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Jovem que diz ser Madeleine McCann compartilhou prints de conversa com a mãe em polonês; a mãe diz que a garota está doente e precisa de ajuda psiquiátrica
Imagem: Reprodução/Instagram

Prisão de suspeito fez menina ser tratada como morta

A maior reviravolta do caso ocorreu ao se apontar Christian Brueckner como suspeito. Ele tem por volta de 45 anos e já foi condenado por diversas agressões sexuais, inclusive contra crianças.

O crime esteve arriscado de prescrever. Christian foi identificado como suspeito em 2020 e em maio de 2022, às vésperas da prescrição, houve o indiciamento.

Christian B - Reprodução - Reprodução
Christian Brueckner é o principal suspeito no caso de Madeleine McCann
Imagem: Reprodução

A polícia alemã falou abertamente que considera Madeleine morta em junho de 2020. "A promotoria está investigando um homem de 43 anos [Christian] por suspeita de assassinato".

Christian foi condenado a 7 anos de prisão por um estupro. O crime foi cometido contra uma idosa em 2005, na praia da Luz, em Portugal, local do desaparecimento de Madeleine, reforçando as suspeitas sobre o alemão.

Ele também foi preso por tráfico de drogas e cumpre pena na prisão de segurança máxima de Oldenburg, no norte da Alemanha.

O suspeito morava nos arredores da praia da Luz entre 1995 e 2007. Na época, assaltava hotéis e apartamentos e falsificava passaportes.

Desde que foi apontado como suspeito, passou a ser investigado em diversos crimes com as mesmas características, como:

  • o desaparecimento de Inga Gehnricke, de 5 anos, em uma floresta de Stendal, a oeste de Berlim (Alemanha), em 2015
  • o desaparecimento do garoto René Hasse, de 6 anos, no Algarve, em 1996
  • o desaparecimento de Joana Cipriano, de 8 anos, na vila de Figueira, perto da praia da Luz, no Algarve, em 2004
  • o desaparecimento do menino português Jair Soares, 7 anos, em uma praia da Holanda, em 1995
  • o assassinato de Carola Titze, alemã de 16 anos encontrada morta na Bélgica com o corpo mutilado, em 1996
  • a morte de um menino de 13 anos, em Frankfurt, em 1998
  • a agressão sexual a uma menina de 10 anos na região do Algarve, em 2007, poucas semanas antes do desaparecimento de Maddie
  • o estupro de uma menina irlandesa, em 2004, no Algarve
Defesa acusou promotoria de tentar um "golpe". O advogado de Christian, Friedrich Fülscher, disse ao jornal alemão Bild que "sem conhecer detalhadamente a situação jurídica portuguesa, assumo que esta medida é um truque processual para evitar a prescrição iminente em poucos dias". O acusado nega o crime.

O desaparecimento

Madeleine desapareceu durante as férias com os pais e seus irmãos na Praia da Luz. Kate e Gerry, seus pais, jantavam no restaurante dentro hotel quando Madeleine foi levada do apartamento onde dormia, na noite de 3 de maio de 2007.

Ela e os irmãos estavam sozinhos no quarto, mas os pais e os amigos se revezavam para checar como estavam as crianças. Foi assim que perceberam que a menina havia sumido.

Os pais chegaram a ser dados como suspeitos. Os 14 meses iniciais de investigação causaram burburinho na imprensa, mas a polícia portuguesa encerrou o caso em 2008. Ele foi reaberto cinco anos depois, mas só avançou com a suspeita sobre Christian e a afirmação de que a menina estaria morta.