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China denuncia 'ataques' dos EUA contra TikTok

Desentendimentos entre o governo estadunidense e o TikTok acontecem há anos - Dado Ruvic/Reuters
Desentendimentos entre o governo estadunidense e o TikTok acontecem há anos Imagem: Dado Ruvic/Reuters

AFP

16/03/2023 13h10Atualizada em 16/03/2023 14h37

A China denunciou hoje os "ataques injustificados" dos Estados Unidos contra o TikTok, depois que o governo de Joe Biden recomendou que o popular aplicativo se separasse de sua empresa matriz chinesa para não ser proibido no território americano.

Estados Unidos e União Europeia têm adotado uma abordagem cada vez mais dura em relação ao aplicativo de vídeos curtos, de propriedade da empresa chinesa Bytedance, alegando temores de que as autoridades chinesas possam usar ou abusar dos dados do usuário.

Segundo o Wall Street Journal e outros veículos da imprensa, a Casa Branca deu um ultimato: se o TikTok continuar sendo propriedade da ByteDance, será banido dos Estados Unidos.

O TikTok confirmou à AFP que o governo dos EUA recomendou que se separasse da ByteDance.

Vários congressistas americanos veem a plataforma como um perigo para a segurança nacional, acusando-a de dar a Pequim acesso aos dados de usuários de todo o mundo, algo que o Tik Tok nega.

O Ministério chinês das Relações Exteriores exortou os Estados Unidos, nesta quinta-feira, a pôr fim aos "ataques injustificados" contra a plataforma e denunciou um ambiente empresarial que discrimina grupos estrangeiros.

"Os Estados Unidos ainda não forneceram nenhuma evidência de que o TikTok ameace a segurança nacional dos Estados Unidos", acrescentou seu porta-voz, Wang Wenbin.

Onda de proibições

A Casa Branca já proibiu funcionários de órgãos federais de terem o aplicativo em seus dispositivos, por meio de lei sancionada no início de janeiro deste ano.

O TikTok armazena dados de usuários dos EUA em servidores localizados nos Estados Unidos. O aplicativo admitiu que funcionários da China tinham acesso, mas sob uma estrutura estrita e limitada, e que o governo chinês não tem acesso.

"Se o objetivo é proteger a segurança nacional, pedir uma proibição ou alienação é desnecessário, pois nenhuma das opções resolve os problemas da indústria do acesso e transferência de dados", reagiu uma porta-voz do TikTok.

"Continuamos confiantes em que o melhor caminho para lidar com as preocupações de segurança nacional é proteger os dados e sistemas de usuários baseados nos EUA, com monitoramento robusto, investigação e verificação de terceiros", acrescentou a porta-voz.

O Reino Unido, aliado próximo dos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira a proibição imediata do TikTok em dispositivos governamentais, por motivos de segurança.

A rede social disse estar "decepcionada" com a decisão de Londres e pediu para ser "julgada com base em fatos e tratada da mesma forma que (seus) concorrentes".

Recentemente, a Comissão Europeia e o governo canadense tomaram decisões semelhantes para os telefones celulares de seus funcionários.

À frente do YouTube e do Twitter

Há poucos dias, o presidente chinês, Xi Jinping, lamentou a "política de contenção, cerco e repressão" dos ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, contra a China.

Ele fez essas observações no contexto dos ataques dos EUA contra carros-chefe da tecnologia chinesa, como o TikTok e a fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei.

Os Estados Unidos também impõem restrições às exportações de semicondutores para empresas chinesas.

A popularidade do TikTok disparou durante a pandemia da covid-19, indo além de seu público original - os adolescentes. Apenas nos Estados Unidos, o aplicativo tem mais de 100 milhões de usuários. Supera YouTube, Twitter, Instagram e Facebook e está pouco atrás da Netflix, segundo a Insider Intelligence.

Em nome da liberdade de expressão, a poderosa associação americana de direitos civis ACLU se opôs aos projetos de lei contra o aplicativo.