Oposição na França apresenta moção de censura contra governo por polêmica reforma
![Na quinta-feira, Macron decidiu aprovar sua reforma da Previdência sem submetê-la aos deputados, por temer perder a votação. - Johanna Geron/Reuters](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/3d/2022/03/25/o-presidente-frances-emmanuel-macron-gesticula-enquanto-fala-com-a-midia-apos-a-cupula-dos-lideres-da-uniao-europeia-em-meio-a-invasao-da-ucrania-pela-russia-em-bruxelas-belgica-25-de-marco-de-2022-1648246355280_v2_900x506.jpg)
A oposição na França apresentou nesta sexta-feira (17) duas moções de censura ao governo, em resposta à polêmica adoção por decreto da reforma da Previdência do presidente liberal Emmanuel Macron.
O grupo de deputados independentes LIOT e a extrema-direita de Marine Le Pen anunciaram a apresentação de moções de censura separadas, que têm dificuldades em prosperar, devido aos equilíbrios políticos.
"A votação desta moção nos permitirá sair ilesos de uma profunda crise política", disse o presidente da bancada parlamentar LIOT, Bertrand Pancher.
Na quinta-feira, Macron decidiu aprovar sua reforma da Previdência sem submetê-la aos deputados, por temer perder a votação na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), onde carece de maioria absoluta.
Inscrito no artigo 49.3 da Constituição, esse mecanismo legal permite sua adoção à força, o que pode ser revertido somente se os deputados aprovarem uma moção de censura.
O debate na Câmara Baixa deve acontecer no início da semana.
Se for adotada, a moção de censura derrubará o governo liderado pela primeira-ministra Élisabeth Borne, mas não Macron, que chegou a ameaçar dissolver a Assembleia eleita há menos de um ano, em caso de revés de sua reforma.
Ainda faltariam, porém, cerca de 30 votos para chegar aos 287 deputados necessários para que a moção de censura fosse adiante, algo complicado devido à posição do partido Os Republicanos (direita).
O chefe deste partido de oposição, Éric Ciotti, anunciou que não votará uma moção de censura contra um governo, com o qual negociou a reforma. No entanto, o partido está dividido.
Os deputados favoráveis à moção de censura procuram convencer os "20" deputados do partido que se recusaram a aprovar a reforma, levando o governo a adotá-la com o artigo 49.3.
Segundo as pesquisas, dois em cada três franceses se opõem à lei que prevê adiar a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir durante 43 anos, em vez dos atuais 42, para receber o valor integral.
burs-tjc/jvb/tt/aa
© Agence France-Presse
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