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Funcionárias afegãs da ONU são impedidas de trabalhar no leste do país

Mulheres caminham em Cabul, capital do Afeganistão - Ali Khara/Reuters
Mulheres caminham em Cabul, capital do Afeganistão Imagem: Ali Khara/Reuters

04/04/2023 15h09Atualizada em 04/04/2023 17h30

As funcionárias afegãs da ONU estão sendo impedidas de trabalhar na província oriental de Nangarhar, denunciou a ONU nesta terça-feira (4), lembrando às autoridades talibãs que não podem cumprir sua missão sem mulheres.

"As Nações Unidas no Afeganistão expressam sua profunda preocupação" pelo pessoal feminino afegão "impedido de comparecer ao trabalho na província de Nangarhar", disse pelo Twitter a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama).

"Recordamos às autoridades de fato que as entidades das Nações Unidas não podem funcionar e fornecer assistência vital sem pessoal feminino", enfatizou.

Contatado pela AFP, Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo, afirmou que se informaria sobre o ocorrido.

O Afeganistão passa por uma das piores crises humanitárias do mundo. Mais da metade de seus 38 milhões de habitantes enfrentam grave insegurança alimentar e três milhões de crianças estão ameaçadas pela desnutrição.

Na sociedade afegã, profundamente conservadora e patriarcal, não é permitido a uma mulher falar com um homem que não é parente próximo. Portanto, uma mulher que precise de ajuda humanitária só pode solicitar a outra mulher.

Em 24 de dezembro de 2022, o Ministério da Economia afegão anunciou que as 1.260 ONGs que operam no país estavam proibidas de trabalhar com mulheres afegãs, devido a "graves queixas" pelo descumprimento do uso do hijab. No entanto, a ONU não foi afetada pela norma.

Após a proibição, várias organizações não governamentais anunciaram que suspenderiam suas atividades, antes de retomá-las em meados de janeiro com o apoio de suas funcionárias em alguns setores que gozavam de isenções, como Saúde e Nutrição.

Desde seu retorno ao poder em agosto de 2021, o Talibã voltou à austera interpretação do Islã, que marcou sua primeira transição ao poder (1996-2001), multiplicando as medidas contra a liberdade das mulheres.