Carrancudo e silencioso, os longos minutos de Trump no tribunal
Com o semblante franzido e os lábios cerrados, o geralmente eloquente Donald Trump mal abriu a boca nesta terça-feira (13), durante seu primeiro comparecimento perante um juiz federal em Miami por um caso de negligência na gestão de segredos de Estado.
O ex-presidente americano, vestido com um terno azul-marinho e sua habitual gravata vermelha, cruzou os braços enquanto um de seus advogados, Todd Blanche, falava em seu nome: "Sem dúvida, declaramos inocência".
O caso aberto contra o magnata republicano, que responde a 37 acusações relacionadas à retenção de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca, fez dele o primeiro ex-chefe de Estado do país a ser indiciado em nível federal.
Em uma ampla sala de tribunal lotada por moradores locais e funcionários de meios de comunicação, o ex-presidente ouviu o juiz Jonathan Goodman anunciar um caso histórico: "Os Estados Unidos da América contra Donald Trump".
"A Procuradoria deseja que o ex-presidente entregue seu passaporte às autoridades?", perguntou o juiz. "Não, Excelência", respondeu o procurador, David Harbach.
Deve-se proibir que ele deixe o país? "Não, Excelência", repetiu.
Os debates se concentraram na exigência do juiz de que Trump só pudesse entrar em contato com os envolvidos no caso por meio de seus advogados.
Uma solicitação questionada pelo advogado Blanche, que se levantou para negociar em tom muito respeitoso, quase suplicante.
Isso "não é apropriado", disse ele, alegando que entre as testemunhas há pessoas que o ex-presidente vê diariamente.
Ao seu lado, Trump ouvia atentamente, com as costas ligeiramente curvadas.
O juiz acabou estabelecendo que a Procuradoria fornecerá uma lista de pessoas com as quais o ex-chefe de Estado não poderá ter contato sem passar por seus advogados.
Pouco depois, Trump assinou alguns documentos revisados por Blanche e a audiência prosseguiu com o caso aberto contra Waltine Nauta, coacusado por ajudar o ex-presidente a reter os documentos confidenciais.
Quase uma hora depois, o juiz deu por encerrada a audiência e o ex-presidente deixou a sala.
Do lado de fora, desde as primeiras horas da manhã, centenas de seguidores do magnata resistiram a um sol escaldante em frente ao tribunal, no centro de Miami.
Eles gritaram slogans em apoio a Trump e contra o atual presidente, o democrata Joe Biden.
Os manifestantes agitaram bandeiras, dançaram e celebraram o homem que esperam ver retornar à Casa Branca em 2024.
Na véspera de seu 77º aniversário, o bilionário, cada vez mais cercado por questões judiciais, pôde sentir mais uma vez o calor daqueles que o apoiam incondicionalmente.
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