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Trump vai a tribunal e alega inocência em caso dos documentos secretos

Do UOL*, em São Paulo

13/06/2023 15h26Atualizada em 13/06/2023 17h13

Donald Trump compareceu na tarde de hoje a um tribunal federal em Miami para o caso mais comprometedor aberto contra ele até o momento. O ex-presidente declarou hoje que não é culpado nas acusações, segundo o jornal The Washington Post.

O que aconteceu:

O ex-presidente republicano foi indiciado por administrar segredos de Estado de maneira negligente, colocando em perigo a segurança nacional. Trump, 76 anos e pré-candidato para retornar à presidência, foi à corte para ouvir para a leitura das acusações. A segurança precisou ser reforçada ao redor do tribunal, no centro da cidade.

"Com toda a certeza declaramos inocência", falou o advogado de Trump, Todd Blanche, no tribunal, segundo o Washington Post. O ex-presidente deixou o local por volta de 16h55 (horário de Brasília).

Um homem vestido de roupa listrada e com uma placa a favor da prisão de Trump foi detido. Quando o carro do ex-presidente saía do tribunal, o manifestante entrou no caminho e a polícia interveio.

Manifestante contra Trump carregava placa a favor da prisão do ex-presidente - Marco Bello/Reuters - Marco Bello/Reuters
13.jun.2023 - Manifestante contra Trump carregava placa a favor da prisão do ex-presidente
Imagem: Marco Bello/Reuters

Quais são as acusações contra Trump?

Trump teria guardado documentos confidenciais, incluindo informações secretas sobre armas nucleares, depois de deixar a Casa Branca, acusa a Promotoria. Ele enfrenta 37 acusações, incluindo "retenção ilegal de informações vinculadas à segurança nacional, obstrução de Justiça e falso testemunho".

Em janeiro de 2021, Trump levou dezenas de caixas repletas de arquivos para sua mansão de Mar-a-Lago, na Flórida. De acordo com a acusação, as caixas foram empilhadas no palco de um salão de dança do complexo hoteleiro antes de serem transportadas para um depósito perto de uma piscina. Algumas tinham as palavras "segredo de Defesa".

Em janeiro de 2022, Trump decidiu devolver caixas com quase 200 documentos confidenciais após de receber vários pedidos das autoridades.

Porém, uma operação do FBI realizada em agosto de 2022 encontrou mais de 30 caixas com 11.000 documentos. A Inteligência estava convenvida de que Donald Trump não havia entregado todos os documentos em seu poder.

Segundo indiciamento federal em menos de um ano

Caso de Miami é pior do que pagamentos indevidos a ex-atriz pornô. No início de abril, ele foi indiciado por fraude contábil no estado de Nova York por um pagamento efetuado antes das eleições presidenciais de 2016 para silenciar uma atriz de filmes pornográficos que alega ter sido sua amante.

Ele teria infringido uma lei federal que prevê obrigações de presidentes da República. Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional. Outra lei proíbe a manutenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros.

Trump considera o caso uma "caça às bruxas" para prejudicar sua candidatura à presidência. O republicano acusou uma interferência do presidente democrata, Joe Biden, que pode ser mais uma vez seu rival nas eleições de 2024.

Manifestação de apoiadores

Apoiadores de Trump se reuniram em frente à Trump Tower, em Nova York, enquanto o ex-presidente se dirigia um tribunal federal em Miami - Michael M. Santiago/Getty Images via AFP - Michael M. Santiago/Getty Images via AFP
13.jun.23 - Apoiadores de Trump se reuniram em frente à Trump Tower, em Nova York, enquanto o ex-presidente se dirigia um tribunal federal em Miami
Imagem: Michael M. Santiago/Getty Images via AFP

O comparecimento do ex-presidente à corte provoca temores com a segurança ao redor do tribunal. Apoiadores ultraconservadores convocaram manifestações em defesa de Trump, que fará um discurso para eles em seu clube de golfe de Bedminster, em Nova Jersey.

Após o indiciamento de abril, o ex-presidente se gabou de ter recebido milhões de dólares de seus seguidores. Muitos deles, convencidos de que Trump é vítima de uma conspiração, continuam a apoiá-lo contra todas as adversidades.

É um apoio necessário para Trump, que enfrenta outras investigações judiciais. Uma procuradora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de uma investigação sobre as supostas pressões que o republicano exerceu para tentar mudar o resultado das eleições de 2020.

O julgamento criminal do caso aberto em Nova York provavelmente acontecerá no início de 2024, em plena campanha para as primárias republicanas, nas quais Trump é o grande favorito.

*Com informações da AFP