Governos e líderes do mundo se despedem de Henry Kissinger
Henry Kissinger, o diplomata dos Estados Unidos cuja promoção sem remorso do poder americano moldou o mundo pós-Segunda Guerra Mundial, morreu na quarta-feira (29) aos 100 anos.
Veja, a seguir, um resumo das reações de alguns governos e líderes mundiais.
- EUA -
O presidente Joe Biden se pronunciou na tarde desta quinta-feira ao assinalar que, apesar dos profundos e frequentes "desacordos" com Kissinger, admirava seu "agudo intelecto".
"Ao longo de nossas carreiras, frequentemente estivemos em desacordo. E muitas vezes de maneira contundente", disse Biden em um breve comunicado. Mas, desde a primeira vez em que se encontraram, "seu agudo intelecto e sua profunda visão estratégica eram evidentes", indicou o mandatário.
Mais cedo, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que "em cada aspecto, não há dúvida de que moldou as decisões de política internacional por décadas e certamente teve impacto no papel dos Estados Unidos no mundo".
No Pentágono, o secretário de Defesa, Lloyd Austin, destacou o serviço militar de Kissinger durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi enviado para sua Alemanha natal.
O "doutor Kissinger levou uma extraordinária vida americana", observou Austin.
Já o secretário de Estado americano, Antony Blinken, saudou Kissinger por sua visão estratégica quando foi um dos mais altos funcionários na administração do presidente Richard Nixon e de seu sucessor, Gerald Ford.
"Servir como chefe da diplomacia dos Estados Unidos hoje é mover-se por um mundo que tem a marca duradoura de Henry, das relações que forjou às ferramentas com as quais foi pioneiro para a arquitetura que construiu", disse Blinken.
- Nações Unidas -
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que estava "entristecido" pelo falecimento de Kissinger, de acordo com seu porta-voz Stéphane Dujarric.
"Como uma figura prominente das relações internacionais no final do século XX, poucos diplomatas que são lembrados tiveram uma maior influência nos assuntos internacionais que o doutor Kissinger", acrescentou Dujarric.
- China -
O Ministério das Relações Exteriores da China elogiou o falecido diplomata americano por suas "contribuições históricas" para as relações entre China e Estados Unidos, descrevendo-o como um "velho e bom amigo do povo chinês".
Kissinger "se preocupou por muito tempo e apoiou o desenvolvimento das relações entre China e Estados Unidos, visitando a China mais de 100 vezes e fazendo contribuições históricas para promover a normalização das relações", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, em Pequim.
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Quero receber- Rússia -
O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou Kissinger pela sua contribuição para as relações entre Estados Unidos e União Soviética, descrevendo-o como um "estadista sábio e visionário".
"O nome de Henry Kissinger está indissociavelmente ligado a sua política externa pragmática, que na época abriu caminho para uma desescalada das tensões internacionais e permitiu alcançar os mais importantes acordos soviético-americanos que contribuíram para o fortalecimento da segurança global", disse Putin, de acordo com um comunicado divulgado pelo Kremlin.
- França -
Kissinger foi um "gigante da história", disse o presidente francês Emmanuel Macron, oferecendo as "condolências da França ao povo americano".
O "século de ideias e diplomacia de Kissinger teve uma influência duradoura na sua época e no nosso mundo", publicou Macron na sua conta na rede X (antigo Twitter).
- Reino Unido -
Kissinger foi um "grande estadista" que "fará muita falta no cenário mundial", disse o secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron.
"Estou muito triste ao saber que Henry Kissinger morreu", escreveu Cameron na rede X. "Ele foi um grande estadista e um diplomata profundamente respeitado, que fará muita falta no cenário mundial", acrescentou.
- Alemanha -
O chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, elogiou o falecido diplomata americano, que fugiu da Alemanha nazista para os Estados Unidos quando criança, por seu "compromisso com a amizade transatlântica".
"Ele sempre esteve próximo de sua pátria alemã. O mundo perdeu um grande diplomata", escreveu Scholz, também no X.
- Israel -
"Somos grandes admiradores de Henry Kissinger" que, entre outras conquistas, "colocou a pedra angular" do tratado de paz de Israel com Egito de 1979, destacou o presidente israelense, Isaac Herzog, durante uma visita do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, a Tel Aviv.
"Em nossa última conversa, terminou a ligação dizendo: 'Senhor presidente, saiba que sempre amei, admirei e apoiei o Estado de Israel'", afirmou.
- Japão -
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, elogiou as "contribuições significativas" de Kissinger para a paz e a estabilidade na Ásia.
Kissinger "fez contribuições significativas para a paz e estabilidade regionais, incluindo a normalização das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a China", disse Kishida aos jornalistas.
- Ucrânia -
Para o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, Kissinger deixou um impacto duradouro na política internacional.
"O século de Henry Kissinger não foi fácil, mas os seus grandes desafios cabem na sua grande e curiosa mente. Mudou o ritmo e a face da diplomacia", afirmou Kuleba nas redes sociais.
"Claro no pensamento, prolífico na escrita. Seu legado intelectual continuará influenciando a compreensão da diplomacia e da ordem mundial", afirmou.
- Chile -
Kissinger também suscitou duras críticas, em especial por seu aparente desprezo pelos valores democráticos.
Foi acusado de apoiar o golpe de 1973 no Chile, que derrubou o presidente Salvador Allende, eleito democraticamente, trazendo anos de um governo autocrático comandado pelo general Augusto Pinochet.
Kissinger foi um homem "cuja brilhantez histórica jamais pôde esconder sua miséria moral", disse na plataforma X o embaixador do Chile em Washington, Juan Gabriel Valdés.
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© Agence France-Presse
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