México contestará lei do Texas que permite detenção de migrantes, diz presidente

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou, nesta terça-feira (19), que seu governo vai contestar uma lei promulgada pelo governador do Texas que criminaliza e permite a detenção de migrantes irregulares, uma medida que desafia a Presidência dos Estados Unidos.

"Já está sendo realizado um trâmite no (Ministério das) Relações Exteriores para contestar esta lei", disse o presidente mexicano em sua habitual coletiva matinal. "De qualquer forma, vamos intervir", acrescentou.

A medida, emitida na segunda-feira pelo governador republicano Greg Abbott e que entra em vigor em março, dá poder às autoridades do Texas para deter migrantes que não tenham a documentação necessária para entrar no estado, e aos juízes, para expulsá-los.

López Obrador recordou que a lei de migração está a cargo do governo federal americano, reiterando a posição demonstrada na semana passada pela Chancelaria mexicana.

"Essas não são atribuições dos estados, ele [Abbott] está usurpando funções que têm a ver com a política externa e isso corresponde ao Congresso e ao presidente dos Estados Unidos", reforçou o presidente.

O mandatário também garantiu que defenderá os migrantes mexicanos dos efeitos da regulamentação, a qual, segundo ele, tem conotações políticas e eleitorais. 

"O governador do Texas age assim porque quer ser o candidato à vice-presidência do Partido Republicano nos Estados Unidos e quer ganhar popularidade com estas medidas (...) É algo desumano, político", disse.

Analistas americanos estimam que a lei do Texas dará início a uma longa batalha jurídica com o governo federal, o qual geralmente estabelece e aplica as leis de imigração, bem como com organizações defensoras dos direitos humanos e civis.

A crise migratória provoca fortes tensões entre os republicanos e democratas, que aumentam à medida que se aproximam as eleições presidenciais de novembro.

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O ex-presidente republicano Donald Trump, possível adversário do atual chefe do Executivo americano, Joe Biden, nas eleições de 2024, declarou no último final de semana que os migrantes "envenenam o sangue" dos Estados Unidos.

Tanto Abbott quanto Trump são a favor da construção de um muro o longo da fronteira com o México e da expulsão em massa dos migrantes, muitos deles latino-americanos que fogem da violência e da pobreza.

Só em outubro, as autoridades americanas interceptaram pessoas em situação irregular na fronteira com o México 240.988 vezes, segundo dados oficiais. Desde o início do ano, foram mais de duas milhões.

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© Agence France-Presse

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