Mitch McConnell deixará cargo de líder republicano no Senado dos EUA

O político americano Mitch McConnell, de 82 anos, disse, nesta quarta-feira (28), que deixará o posto de líder do Partido Republicano no Senado em novembro, encerrando o mandato mais longevo de um líder da Câmara alta na história americana.

"Eu me apresento diante de vocês hoje, Senhor Presidente e colegas, para dizer que este é meu último mandato como líder republicano", disse McConnell no Senado.

Senadores republicanos e democratas reagiram com uma ovação em pé.

Mitch McConnell, no entanto, não esclareceu se deixará o cargo de senador pelo Kentucky, que ocupa desde 1985.

Líder dos republicanos no Senado desde 2015, McConnell esteve na linha de frente contra as políticas do governo do presidente democrata Barack Obama (2009-2017) e apoiou o republicano Donald Trump quando ele chegou ao poder, em janeiro de 2017.

Durante anos, reivindicou o apelido de "coveiro", recebido pela pressa em enterrar as esperanças de seus adversários democratas.

O líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, afirmou, em nota, que ele e McConnell "raramente concordavam".

"Mas me sinto muito orgulhoso de que os dois tenhamos nos unido nos últimos anos para liderar o Senado em momentos críticos, quando nosso país precisou de nós", acrescentou Schumer, destacando a ajuda durante a pandemia e seu trabalho para validar a eleição de Biden horas depois da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores de Trump.

Na Câmara alta do Congresso, McConnell se esforçou para promover uma agenda conservadora, como a nomeação de magistrados da Suprema Corte que anularam a proteção constitucional do aborto em 2022.

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Nos últimos anos, este negociador nas sombras se destacou como um dos maiores defensores da ajuda americana à Ucrânia, vendo-se obrigado a lidar com um partido sob a influência de Donald Trump e com posições cada vez mais isolacionistas.

Esta mudança radical ficou clara nas últimas semanas, com o bloqueio de um pacote de ajuda militar de 60 bilhões de dólares (cerca de R$ 300 bilhões) para a Ucrânia, em guerra desde que foi invadida pela Rússia, em fevereiro de 2022.

McConnell sempre cultivou uma imagem austera, com ternos que parecem saídos de um guarda-roupas dos anos 1970.

Durante a presidência de Joe Biden, a quem conhece bem por ter trabalhado com ele durante anos no Senado, contribuiu para a aprovação de vários projetos de lei apoiados pelos dois partidos.

Biden declarou a jornalistas que "lamenta" saber da notícia de que o ex-colega vai deixar o cargo. "Ele e eu tínhamos confiança, tínhamos uma grande relação, brigamos muitíssimo, mas ele nunca, nunca tergiversou", disse.

Nos últimos meses, seu estado de saúde gerou preocupação.

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Em março, o senador teve que ser hospitalizado devido a uma queda durante um jantar que lhe causou concussão cerebral, uma costela quebrada e o deixou de licença por quase seis semanas.

Esta queda reacendeu as críticas ao envelhecimento da classe política americana, às vezes qualificada de gerontocracia, mas, naquela ocasião, Mitch McConnell se negou categoricamente a renunciar.

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© Agence France-Presse

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