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Quatro pontos-chave sobre a invasão de embaixada do México no Equador

Oficiais militares do lado de fora da Unidade de Flagrante, onde o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas ficou detido, em Quito, no Equador Imagem: Karen Toro/REUTERS

Da AFP

06/04/2024 21h53Atualizada em 07/04/2024 00h17

Uma invasão policial sem precedentes de uma embaixada para deter um político refugiado acusado de corrupção e uma crise diplomática que coloca em perigo as relações do Equador com a América Latina: segue uma lista do que se sabe sobre a operação na sede diplomática do México em Quito e suas consequências.

1. Provocações mútuas

O conflito que escalou para a ruptura de relações diplomáticas começou com um comentário do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na quarta-feira passada, sobre a violência política no Equador e a suposta manipulação da mídia nas últimas eleições presidenciais.

Ele afirmou que nas eleições passadas, o assassinato do centrista Fernando Villavicencio em agosto fez a intenção de voto da esquerdista Luisa González, que liderava as pesquisas, cair.

O Equador respondeu expulsando a embaixadora Raquel Serur e o México aumentou a tensão ao conceder asilo ao ex-vice-presidente Jorge Glas (2013-2017), que estava sob uma ordem de prisão por suposto peculato.

Quito acusa o México de intervir em seus "assuntos internos" ao conceder a Glas um asilo "ilícito". Além disso, considerou as declarações de López Obrador "muito infelizes", ao colocar "em dúvida a legitimidade das eleições de 2023", "banalizando o assassinato" de Villavicencio, disse no sábado a chanceler Gabriela Sommerfeld.

2. 'Escândalo internacional'

As imagens de policiais escalando as grades da embaixada mexicana e do chefe da missão, Roberto Canseco, sendo contido pelos agentes de segurança deram a volta ao mundo.

Em um ato sem precedentes recentes no mundo, a força policial entrou na noite de sexta-feira na missão diplomática mexicana para capturar o ex-vice-presidente do mandatário esquerdista Rafael Correa, refugiado lá desde dezembro.

"Quebramos todos os protocolos do comportamento da diplomacia tradicional", comentou à AFP Roberto Beltrán, professor de gestão de conflitos da Universidade Técnica Particular de Loja.

O Equador havia antecipado que não permitiria a saída do país de Glas, que também cumpriu pena de prisão por seu envolvimento no escândalo de subornos da Odebrecht.

Após a incursão policial, o México pediu "garantias" para seus funcionários.

Glas está em uma prisão de segurança máxima em Guayaquil (sudoeste).

Esta situação é um "escândalo internacional", disse à AFP o ex-embaixador equatoriano em Londres Mauricio Gándara, acrescentando que "será muito difícil que isso se reconstitua sem a intervenção de países amigos".

3. Equador na mira

O Equador foi alvo de repúdio e condenação internacional neste sábado. Entre mais de uma dezena de países latino-americanos, os governos de esquerda do Brasil, Colômbia, Venezuela e Chile rejeitaram energicamente a incursão policial, assim como os governos de direita do Peru e Argentina.

A OEA chamou de "improcedentes" as ações do Equador. Além disso, rejeitou "qualquer ação violadora ou que ponha em risco a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas".

A Nicarágua também decidiu cortar relações com Quito neste sábado.

A ruptura tem implicações "econômicas, diplomáticas, culturais [...] Poderia levar o Equador a uma condenação regional ou geral, por assim dizer, e afetar consideravelmente sua balança comercial com o México e provavelmente com outros países", apontou Beltrán.

O especialista acrescentou que o distanciamento "é perigoso e pode retardar estratégias de cooperação", enquanto o Equador busca apoio para sua guerra contra grupos do narcotráfico associados a cartéis colombianos e mexicanos.

Tornado um centro logístico para o envio de drogas, o Equador está sangrando devido à disputa de poder entre as gangues. A violência elevou a taxa de homicídios no país de 6 por cada 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 43 em 2023.

4. Mediação de terceiros

Beltrán concorda com Gándara que, neste conflito, devem intervir outros países para pedir um desescalada.

"Confio que isso possa acontecer e que, embora as relações diplomáticas não se restabeleçam plenamente imediatamente, possamos evitar uma escalada maior", disse o professor.

Neste sábado, a embaixada mexicana em Quito permanecia cercada por policiais, enquanto López Obrador pedia a seus compatriotas que "se comportem com muita prudência para evitar o assédio".

Enquanto se espera que funcionários mexicanos retornem ao seu país em voos comerciais, a bandeira mexicana foi retirada do mastro na embaixada.

Na tarde de sábado, Sommerfeld, em breve declaração à imprensa, justificou a invasão à sede diplomática, argumentando que foi feito "diante de um risco real de fuga iminente" de Glas.

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