Guerra em Gaza ofusca jantar de correspondentes da Casa Branca

Sob um estrito esquema de segurança, o jantar da Associação de Correspondentes da Casa Branca, no qual o presidente Joe Biden fará um discurso em um evento que costuma ser descontraído, é realizado neste sábado (27), em Washington, em meio a protestos e um pedido de boicote de jornalistas palestinos pelo conflito em Gaza. 

Uma longa lista de celebridades e convidados de alto nível, como os atores Chris Pine e Molly Ringwald, chegaram em trajes de gala, enquanto manifestantes com bandeiras palestinas gritavam palavras de ordem como "vocês têm sangue nas mãos" perto da entrada do Washington Hilton Hotel, que sedia o evento.

O banquete ocorre depois de meses de protestos contra o governo Biden devido ao apoio dos Estados Unidos à ofensiva militar israelense em Gaza contra o movimento islamista Hamas. O presidente ouviu gritos como "Joe, genocida" e fortes apelos por um cessar-fogo.

Em certo momento, os manifestantes penduraram uma enorme bandeira palestina em uma janela do último andar do hotel, enquanto outros se reuniram na rua com cartazes, cantando e gritando em megafones.

Esta semana, mais de duas dezenas de jornalistas palestinos publicaram uma carta aberta pedindo que os colegas americanos boicotassem o jantar.

"Você tem a responsabilidade única de dizer a verdade ao poder e defender a integridade jornalística", diz a carta. "É inaceitável permanecer em silêncio por medo ou preocupação profissional, enquanto os jornalistas em Gaza continuam sendo detidos, torturados e assassinados por fazer nosso trabalho", acrescenta. 

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, ao menos 97 repórteres, em sua imensa maioria (92) palestinos, foram assassinados desde o início da guerra, em 7 de outubro, com a invasão do Hamas ao sul de Israel. Outros 16 ficaram feridos.

Antes do evento, o grupo pacifista Code Pink, integrante de uma coalizão contra a guerra, também anunciou que planejava "fechar" o jantar para protestar contra "a cumplicidade da administração Biden com os ataques e assassinatos de jornalistas palestinos por parte do exército israelense". 

O coletivo ressaltou que sua ação seria "não violenta", sem dar detalhes.

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O Departamento de Polícia Metropolitana de Washington declarou à AFP, neste sábado, que estava "preparado para facilitar qualquer manifestação segura e pacífica", mas que os convidados também teriam acesso ao evento.

O jantar, organizado anualmente desde 1920, é realizado este ano enquanto um movimento de protesto contra a situação em Gaza se espalha por universidades de todo o país.

Contactada pela AFP, a Associação de Correspondentes da Casa Branca se recusou a comentar o pedido de boicote e a manifestação prevista.

Este ano, o comediante encarregado de animar o jantar será Colin Jost, escritor veterano e ator do programa "Saturday Night Live", da NBC. A presença de sua esposa, a atriz Scarlett Johansson, também é aguardada.

No ano passado, participaram do evento, que homenageia jornalistas de destaque, cerca de 2.600 pessoas.

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© Agence France-Presse

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