Negacionismo mata, empobrece e destrói
Em 1960, 39 desastres naturais foram registrados no mundo. Em 2019, esse número chegou a 396. Dez vezes mais. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pelo Institute for Economics and Peace.
Mas o que o levantamento também revela, indiretamente, é que não há mais como classificar nenhum tipo de evento climático extremo como uma surpresa. Não há mais justificativa para não se preparar, para não ter um plano.
O negacionismo mata, empobrece, causa fome e destruição.
Um informe publicado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha e que reúne dados de diferentes entidades dá a dimensão do problema:
3,6 bilhões de pessoas pelo mundo são consideradas como altamente vulneráveis às mudanças climáticas.
Entre 90 milhões e 380 milhões de pessoas extras podem ser expostas às inundações no mundo até a segunda metade do século, além das atuais 250 milhões.
132 milhões de pessoas podem ser jogadas para a pobreza extrema diante das mudanças climáticas até 2030.
Com um aumento de 2°C nas temperaturas globais, a falta de água pode passar a atingir 3 bilhões de pessoas. Hoje, são 800 milhões neste situação.
A seguradoras também sabem que o impacto é real e que não há mais como adiar uma resposta. A Munique Re, uma das maiores do mundo, estima que os custos dos desastres naturais na década de 80 eram de US$ 50 bilhões por ano. Na década passada, esse valor subiu para US$ 200 bilhões. Em 2023, as perdas chegaram a US$ 250 bilhões, ainda que parte tenha sido causado por terremotos.
Em janeiro, um relatório do Fórum Econômico Mundial alertou que, até 2050, as mudanças climáticas podem causar mais 14,5 milhões de mortes e US$ 12,5 trilhões em perdas econômicas em todo o mundo.
Descobriu-se que as enchentes representam o maior risco agudo de mortalidade induzida pelo clima, sendo responsáveis por 8,5 milhões de mortes até 2050. As secas, indiretamente ligadas ao calor extremo, são a segunda maior causa de mortalidade, com previsão de 3,2 milhões de mortes. As ondas de calor têm o maior custo econômico, estimado em US$ 7,1 trilhões até 2050, devido à perda de produtividade.
Uma análise de 2023 publicada na revista Nature constatou que, entre 2000 e 2019, o mundo sofreu pelo menos US$ 2,8 trilhões em perdas e danos causados pelas mudanças climáticas - custo de cerca de US$ 16 milhões por hora. O levantamento foi feito por Rebecca Newman e Ilan Noy.
Segundo a União Europeia, eventos extremos, incluindo ondas de calor, inundações e tempestades, causaram mais de 145 bilhões de euros em perdas econômicas na UE na última década.
Com toda a informação que o mundo dispõe, não agir ou adiar um plano de preparação é crime.
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