Situação alimentar melhorou levemente na Faixa de Gaza, afirma OMS

A disponibilidade de alimentos melhorou levemente na Faixa de Gaza, mas ainda existe um risco de fome no território palestino devastado pela guerra entre Israel e o Hamas, indicou nesta sexta-feira (3) a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Há um pouco mais de comida, mais variada (...) as pessoas também nos dizem isso", declarou o médico Rik Peeperkorn, representante da OMS para os Territórios Palestinos, em uma coletiva de imprensa por vídeo de Jerusalém.

"O que observei ao longo do tempo é que certamente há mais alimentos básicos, mais trigo, mas também um pouco mais de alimentos diversificados nos mercados, no sul e também no norte" de Gaza, acrescentou, afirmando que "a situação alimentar melhorou um pouco".

O médico Ahmed Dahir, também da OMS, confirmou essas declarações. Antes, "milhares" de pessoas se aglomeravam nos caminhões da OMS que se dirigiam ao norte de Gaza na esperança de obter alguns alimentos, apontou.

"Isso mudou nas últimas semanas. Hoje, mais comida está entrando", contou Dahir.

Israel impôs um "cerco completo" a Gaza em 9 de outubro, em resposta ao ataque do Hamas contra seu território, desencadeando a guerra entre o Estado hebreu e o movimento islamista palestino em 7 de outubro.

A ajuda internacional, que depende de Israel para entrar, mal entra na Faixa de Gaza, principalmente pela cidade de Rafah, no extremo sul do território bombardeado. Mas é insuficiente para aliviar as necessidades dos 2,4 milhões de pessoas que moram região.

O governo israelense acusou as ONGs e a ONU de não distribuírem a ajuda rápido o suficiente, mas estas atribuíram isso às restrições e inspeções impostas por Israel.

Dahir ressaltou, no entanto, que a situação continua "frágil" em Gaza, onde a população não tem dinheiro para comprar comida nos mercados.

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Ambos os médicos enfatizam que o risco de fome não desapareceu. "Estamos vendo uma leve melhoria na disponibilidade de alimentos", mas a produção local foi completamente destruída, afirmou Peeperkorn.

Além da passagem de Rafah, as autoridades israelenses reabriram a passagem de Kerem Shalom, também no sul, em dezembro. 

Após pressão dos Estados Unidos, Israel abriu a passagem de Erez, no norte da Faixa, no final de abril para receber ajuda da Jordânia. 

Tanto a ONU como a OMS temem que uma anunciada ofensiva israelense em Rafah, onde estão amontoados mais de 1,2 milhão de palestinos, provoque o fechamento do ponto de passagem.

"Quase todo o material médico passa pela passagem de Rafah", lembrou Peeperkorn, acrescentando que a agência prepara "planos de emergência" para garantir que o sistema de saúde consiga responder às necessidades da população em caso de ofensiva. 

O porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), Jens Laerke, explicou por sua vez que as Nações Unidas alertavam há muito tempo que uma ofensiva em Rafah "poderia levar a um massacre". 

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Seria também "um duro golpe para as operações humanitárias" em Gaza, uma vez que Rafah "está no centro das operações humanitárias", alertou.

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© Agence France-Presse

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