Toffoli anula decisões da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli declarou, nesta terça-feira (21), a "nulidade absoluta" de todos os procedimentos penais realizados durante a operação anticorrupção Lava Jato contra Marcelo Odebrecht, ex-presidente da gigante da construção.

Toffoli avaliou que magistrados responsáveis por julgar os réus da Lava Jato ignoraram o "devido processo legal" com o objetivo de "garantir seus objetivos pessoais e políticos", segundo a decisão.

"Declaro a nulidade absoluta de todos os atos praticados em desfavor do requerente no âmbito dos procedimentos vinculados à Operação Lava", escreveu o ministro do STF.

A decisão desfaz as ações contra Marcelo Odebrecht do ex-juiz federal Sergio Moro, que comandou essa operação anticorrupção de sua corte em Curitiba, desvendando uma gigantesca rede de subornos pagos por grandes construtoras a políticos para obter contratos na Petrobras.

Toffoli respondeu a um pedido dos advogados de Marcelo Odebrecht, que argumentaram que o caso do empresário era similar ao de outros executivos cujos julgamentos foram anulados por irregularidades.

Em sua decisão, o ministro afirma que "diante do conteúdo dos frequentes diálogos" entre Moro e o procurador da Lava Jato, "especificamente" sobre o empresário e as empresas que ele presidia, "fica clara a mistura da função de acusação com a de julgar, corroendo-se as bases do processo penal democrático".

Toffoli sublinhou, no entanto, que a nulidade não inclui o acordo de colaboração assinado por Marcelo Odebrecht durante a investigação.

Esta é a terceira decisão que reverte o que foi resolvido pela Lava Jato.

Em janeiro, Toffoli suspendeu o pagamento de multas equivalentes a R$ 8,5 bilhões impostas a Odebrecht por sua responsabilidade naquele esquema de corrupção.

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Alguns meses antes, em setembro de 2023, anulou as provas provenientes das confissões de executivos da Odebrecht que resultaram de um acordo de colaboração.

A Odebrecht foi a empresa mais investigada pela Lava Jato, que levou à prisão dezenas de membros da elite política e empresarial do Brasil, entre eles Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora fundada em 1944 na Bahia por seu avô, Norberto Odebrecht.

O empresário foi detido em junho de 2015 e condenado a mais de 19 anos de prisão. A pena foi reduzida para 10 anos após colaborar com a justiça e, desde dezembro de 2017, ele cumpria prisão domiciliar. Em 2022, foi novamente reduzida para sete anos, já cumpridos.

O caso Odebrecht envolveu políticos e funcionários de 12 países latino-americanos - incluindo presidentes e ex-presidentes - que receberam centenas de milhões de dólares em subornos em troca de contratos públicos no continente.

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© Agence France-Presse

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