França condena à prisão perpétua três altos funcionários sírios

A justiça francesa condenou à prisão perpétua, nesta sexta-feira (24), três dirigentes do regime sírio de Bashar al-Assad, julgados à revelia, por cumplicidade em crimes contra a humanidade e de guerra.

Os condenados foram Ali Mamluk, ex-chefe do Escritório de Segurança Nacional, a maior autoridade de inteligência síria; Jamil Hasan, ex-diretor do temido Serviço de Inteligência da Força Aérea; e Abdel Salam Mahmud, chefe da área de investigação desses serviços. 

Depois do anúncio do veredito, as pessoas presentes à audiência aplaudiram de pé.

"É o primeiro processo em que funcionários de cargos tão elevados do regime sírio são julgados e condenados por crimes contra a humanidade", comemorou Clémence Bectarte, uma das advogadas das partes civis, para quem "milhões de sírios e sírias seguem esperando justiça".

Outros julgamentos sobre as atrocidades cometidas pelo regime sírio já tiveram lugar na Europa, especialmente na Alemanha, mas, nestes casos, os acusados eram de um ramo inferior e estavam presentes nas audiências.

Nenhum dos julgados na França, que teoricamente estavam na Síria, compareceu à audiência, tendo sido julgados à revelia e sem uma defesa feita por um advogado. 

Os três foram condenados por participarem, em diversas frentes, do desaparecimento e da morte de Mazzen Dabbagh e seu filho Patrick, dois franco-sírios que viviam em Damasco. 

Ambos foram detidos em novembro de 2013 por oficiais que declararam trabalhar para os serviços de inteligência da Força Aérea Síria. Segundo o cunhado de Mazzen Dabbagh, preso ao menos tempo e libertado dois dias depois, seus dois familiares foram levados ao aeroporto de Mezzeh, onde encontraram um dos piores centros de tortura do regime. 

Não se soube mais sobre o paradeiro dos dois, até serem declarados mortos em agosto de 2018. De acordo com a autópsia enviada à família, Patrick morreu no dia 21 de janeiro de 2014 e Mazzen, em 25 de novembro de 2017.

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© Agence France-Presse

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