Maioria dos mexicanos apoia polêmica reforma do Judiciário, segundo pesquisas

A maioria dos mexicanos apoia a reforma do Poder Judiciário proposta pelo governo de esquerda, que analistas afirmam causar nervosismo nos mercados, segundo três pesquisas difundidas nesta segunda-feira (17) pela presidente eleita, Claudia Sheinbaum.

As pesquisas encomendadas pelo partido governante Morena assinalam que um alto percentual de cidadãos "considera necessário" que se realize a reforma que propõe escolher cerca 1.600 juízes e magistrados por voto popular, entre outras coisas.

Segundo o instituto De las Heras, 77% dos entrevistados estão a favor da medida, enquanto no levantamento do Enkoll o apoio chega a 83%, e a 81% em outro realizado pelo Morena, assinalou Sheinbaum em entrevista coletiva.

O projeto foi enviado ao Congresso pelo presidente Andrés Manuel López Obrador e conta com o apoio de Sheinbaum, que venceu as eleições em 2 de junho por mais de 30 pontos percentuais de diferença para a segunda colocada, Xóchitl Gálvez, e se encaminha para obter supermaiorias no Congresso bicameral, o que lhe permitiria modificar a Constituição sem negociar com outras forças políticas.

"Nós ganhamos a eleição [presidencial] com 59%, e mais de 59% [dos entrevistados] consideram que é necessária uma reforma e mais de 59% estão de acordo com que haja uma eleição direta" de magistrados e juízes, comentou a presidente eleita.

De acordo com as pesquisas, entre 49% e 54% dos entrevistados não estavam por dentro da iniciativa, que é rejeitada por integrantes do Poder Judiciário e a oposição, que garante que a reforma é a porta de entrada para um regime autoritário.

Por sua vez, López Obrador alega que o Poder Judiciário está a serviço de interesses privados e da corrupção.

A vitória governista nas eleições tem causado nervosismo nos mercados, depreciando o peso mexicano em relação ao dólar, mas Sheinbaum reiterou hoje que os investimentos no México estão protegidos.

Economistas como Víctor Ceja, da empresa financeira Valmex, advertem para a eliminação de órgãos autônomos e restrições à participação privada em setores estratégicos como energia, derivadas de outras reformas propostas por López Obrador, que deixará o poder em 1º de outubro.

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Para Ceja, essas mudanças aumentariam a carga fiscal para o Estado, o que dificultaria reduzir o déficit fiscal e a inflação.

As pesquisas, realizadas de 14 a 16 de junho, ouviram entre 1.202 e 1.458 pessoas de forma presencial e têm 95% de confiabilidade, segundo as fichas técnicas.

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© Agence France-Presse

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