Lula ao UOL: 'STF não tem que se meter em tudo'; veja frases da entrevista

Em entrevista ao UOL, o presidente Lula (PT) falou sobre economia, o futuro do Banco Central, a relação com a Argentina, a situação do ministro Juscelino Filho e comentou temas que ganharam espaço na sociedade como a decisão do STF em descriminalizar a maconha e o projeto de lei antiaborto.

Bolsonaro deve ser preso?

Como eu defendo a presunção de inocência, quero que ele [Bolsonaro] seja julgado da forma mais correta possível. Eu quero que o veredito seja em função do crime que ele cometeu. Eu não desejo mal para nenhum adversário. Eu não desejo evitar disputa política de nenhum adversário. Eu quero que dispute. O povo é que julga.

Não quero que ele seja condenado, que ele seja inocentado, eu quero que ele seja julgado corretamente, com direito de defesa e que prevaleça aquilo que a justiça encontrar, sabe? Que ele tentou dar o golpe tentou, isso é visível, sabe? É visível.

Economia

Você acha que a Faria Lima tem alguém que quer mais o bem do Brasil do que eu? Quando discutem a taxa de juros, acha que eles estão pensando em quem dorme debaixo da ponte, na sarjeta, quem está morrendo de fome? Eles pensam no lucro, e o Brasil tem que ter quem pense no povo.

Preciso que os empresários do setor produtivo, da Fiesp, em vez de reclamarem do governo, façam passeata contra a taxa de juros. Porque são eles que estão com dificuldade, não o governo.

Ministro indiciado pela PF

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), é investigado enquanto deputado federal por suposto envolvimento em desvios da Codevasf. O indiciamento contra ele já foi feito pela Polícia Federal. Agora, cabe à PGR receber o relatório do indiciamento e apresentar denúncia ou não ao STF.

Se for aceita [a denúncia], vai ser afastado, ele sabe disso. [...] A informação que eu tive é que ele ficou agradecido depois que eu disse que todo mundo é inocente até provar o contrário.

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Descriminalização da maconha

Ao UOL, Lula afirmou que o consumo da maconha é um tema de saúde pública. O presidente também citou a Lei de Drogas, sancionada em 2006, no primeiro mandato, que previa que o usuário não seria preso. Essa legislação, entretanto, não diferencia usuário de traficante — o que é abordado pelo STF.

Acho que é nobre que haja diferenciação entre o consumidor, o usuário e o traficante. É necessário que a gente tenha uma decisão sobre, não na Suprema Corte, pode ser no Congresso Nacional, para que a gente possa regular.

Conflito do Congresso e STF sobre o tema

Se um dia um ministro da Suprema Corte pedisse um conselho para mim: Presidente, o que eu faço? Eu falava: Recusa essas propostas. A Suprema Corte não tem que se meter em tudo, ela precisa pegar as coisas mais sérias sobre o que diz respeito à Constituição, e ela virar senhora da situação, mas não pode pegar qualquer coisa e ficar discutindo, porque aí começa criar uma rivalidade que não é boa nem para democracia, nem para Suprema Corte, nem para o Congresso Nacional.

Sucessão no Banco Central

Lula negou que esteja pensando na sucessão do Banco Central, mas elogiou Gabriel Galípolo. O diretor de política monetária do BC é um dos cotados para presidência da instituição.

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O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito do sistema financeiro, mas ainda não estou pensando no BC. Vai chegar o momento que vou apresentar o nome.

Não indico presidente do Banco Central para o mercado, indico para o Brasil. E o mercado, seja financeiro, empresarial, produtivo, tem que se adaptar a isso. É preciso ter em mente que o Brasil vá bem, que a inflação esteja bem, que o crescimento vá bem, que o o salário vá bem. É esse pais de bem, esse país de ganha ganha, é isso que a gente precisa criar.

Relação com a Argentina

Não conversei com o presidente da Argentina [Javier Milei] porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim, ele falou muita bobagem, só quero que ele peça desculpas.

Se o presidente da Argentina governar a Argentina já está de bom tamanho, e não tentar governar o mundo.

Desoneração

Se a economia estiver em crise, com um setor machucado, você pode usara desoneração. [...] Você desonera e fecha. Mas no Brasil, quando você desonera por 5 anos, chega um projeto para desonerar por mais 10.

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