Federação patronal francesa considera 'perigosos' programas de extrema direita e esquerda

A federação patronal francesa Medef disse, nesta quarta-feira (19), que os programas econômicos do Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita, e da Nova Frente Popular (NFP), de esquerda, que lideram as pesquisas para as legislativas de 30 de junho e 7 de julho, são "inadequados" e "perigosos".

"Várias medidas propostas pela Nova Frente Popular e pelo RN parecem ser inadequadas e até mesmo perigosas para a economia, o crescimento e o emprego na França", alertou a organização patronal francesa, que reúne 200.000 empresas.

Em um documento, a Medef detalhou as "dez condições para o sucesso econômico da França" menos de duas semanas antes do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas.

"Se esses programas forem implementados em 2024 ou mais tarde", levariam a "aumentos de impostos (...), a saída de investidores estrangeiros e a falências maciças de empresas e, portanto, perda de empregos", alertou.

As promessas eleitorais da aliança de esquerda do NFP, do RN e do Executivo centrista se multiplicaram desde que o presidente francês, Emmanuel Macron, dissolveu a Assembleia Nacional, a Câmara Baixa, em 9 de junho.

A Medef advertiu que as propostas são muitas vezes caras ou não têm financiamento claro, e surgem em um momento de finanças públicas "frágeis", um clima econômico "muito incerto" e "concorrência internacional acirrada".

A federação de empregadores citou exemplos como o desejo de revogar a reforma previdenciária, a indexação automática dos salários à inflação, o salário-mínimo de 1.600 euros líquidos por mês (R$ 9.395,68, na cotação atual), o congelamento de preços e a redução do IVA sobre produtos energéticos.

"Nenhum de nossos parceiros europeus seguiria a França nessa abordagem isolada, contrária a toda racionalidade econômica em um momento em que precisamos de coerência, estabilidade e confiança", enfatizou.

A bolsa de valores de Paris despencou após o anúncio da dissolução e ante a possibilidade de um impasse institucional resultante das eleições. Os rendimentos dos títulos soberanos da segunda maior economia da zona do euro dispararam.

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Para garantir o "sucesso econômico" da França, a Medef formulou "dez condições", incluindo a necessidade de reformas econômicas (mais cortes de impostos e contribuições, um esforço para simplificar a indústria...) em um clima de "diálogo social" e total comprometimento com o projeto europeu.

Macron convocou eleições legislativas apenas uma hora após o encerramento das eleições legislativas europeias em 9 de junho, nas quais o RN venceu com 31,37% dos votos, quase o dobro de seu partido de centro-direita.

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© Agence France-Presse

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