O vestuário político francês analisado por especialistas

A uma semana do primeiro turno das eleições legislativas, a França observa todos os sinais que possam indicar o resultado nas urnas. Em plena Semana de Moda em Paris, o vestuário dos políticos também é alvo de análise.

- Uniforme -

O político francês tem seu uniforme: terno azul marinho, ajustado e com lapelas estreitas, camisa branca e gravata fina. A moda começou com o então presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), marcando o fim do terno cinza.

"Transmite respeito, autoridade e, sobretudo, não é ostentoso", analisa o jornalista de moda Marc Beaugé. Segundo ele, "a socialdemocracia, o centro, combina com estilo liso".

- Repaginada rápida- 

Durante a Copa do Mundo 2014, o jornalista Marc Beaugé foi chamado ao Eliseu, conta à AFP, para uma assessoria de imagem para François Hollande, partidário do "nem elegante demais, nem descuidado".

As mulheres, tanto de direita como de esquerda, também deixaram progressivamente as peças assinadas por estilistas, apesar do apreço de algumas pela alta-costura, como a ministra de Cultura, Rachida Dati, que quase sempre usa calças, mas não deixa de usar vestidos de casas como Schiaparelli em grandes eventos.

- Óculos, barba, sorriso... -

Em 2012, um estudo publicado no Journal of Economic Behavior & Organization pediu a um grupo representativo da população francesa que atribuísse a orientação política de 550 candidatos às eleições europeias a partir de uma fotografia. 

"Observamos o que diferenciava, na mente das pessoas, a aparência de um deputado de esquerda de um de direita", disse à AFP seu autor, o economista Pierre-Guillaume Méon. 

Continua após a publicidade

"A cor da gravata teve grande influência: vermelha ou colorida para a esquerda, azul para a direita. Deputados com barba e bigode foram mais atribuídos à esquerda", acrescenta. 

"Os óculos foram mais indicados à esquerda (...) o fato de mostrar os dentes ao sorrir, um marcador da direita", detalha.

- Roupa esportiva -

Na presidência de Emmanuel Macron, o traje azul, marca do político, é praxe. O ministro da Justiça, Eric Dupond-Moretti, segue a tendência, mas deixa em casa seus apreciados relógios de luxo.

Emmanuel Macron, que ocasionalmente aparece em trajes esportivos ou informais nas redes sociais, também se comunica através da imagem. Em 9 de junho, para anunciar a dissolução da Assembleia Nacional, vestiu, excepcionalmente, preto.

- Normalização  -

A extrema direita, que entrou com força na Assembleia Nacional em 2022 e pode conquistar uma maioria nas próximas eleições, utiliza um vestuário formal para transmitir uma ideia de normalização.

Continua após a publicidade

Após o êxito de 2022, Marine Le Pen impôs o uso da gravata a todos os cargos eleitos, "embora quase ninguém a use na França", indica Marc Beaugé.

- O casaco de trabalhador de Mélenchon -

Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa (LFI, esquerda radical), é partidário da jaqueta de quatro bolsos com gola estreita, símbolo da tradição operária e revolucionária, também relacionada à túnica chinesa com sua gola Mao.

O França Insubmissa não hesitou em politizar a questão do vestuário no Parlamento. 

Acusado pelo deputado de direita Renaud Muselier de parecer "sujo e desalinhado", deputados do LFI aproveitaram a ocasião e determinaram o dresscode da Assembleia no dia 26 de julho de 2022: roupa desgrenhada e gravata por cima.

dar/may/jz/zm/jc/aa

Continua após a publicidade

© Agence France-Presse

Deixe seu comentário

Só para assinantes