Otan preocupada com o papel da China na guerra da Ucrânia

Os países da Otan debaterão nesta quinta-feira (11) com os aliados da região Ásia-Pacífico o apoio da China à Rússia na guerra da Ucrânia, antes de uma reunião com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.  

Um dos momentos importantes do dia será a entrevista coletiva concedida pelo presidente americano, Joe Biden, anfitrião da cúpula, após semanas de incerteza sobre seu estado de saúde e sua capacidade para enfrentar Donald Trump, o candidato republicano, nas eleições presidenciais de novembro. 

A entrevista acontecerá ao final do encontro de cúpula, que celebra o aniversário de 75 anos da Otan.

Parte do último dia da reunião será dedicada à China.

A associação estratégica entre Moscou e Pequim provoca "profundas preocupações" na Aliança Atlântica, segundo um comunicado conjunto dos países da Otan divulgado na quarta-feira em Washington. 

"A China está ajudando a Rússia na guerra", acusou na quarta-feira o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. 

A Otan acusa a China de fornecer equipamentos civis e militares de duplo uso para a Rússia, como microprocessadores, com os quais Moscou pode "fabricar mísseis, bombas, aviões e armas", disse Stoltenberg.

- "Atividades híbridas" -

O porta-voz da missão chinesa na União Europeia (UE) acusou a Otan de ter "uma mentalidade de Guerra Fria e uma retórica belicista" e o Ministério das Relações Exteriores chinês denunciou "preconceitos, difamação e provocação". 

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A China recusou-se a condenar a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e empreendeu uma grande aproximação com Moscou.

O tema será abordado em uma reunião entre os 32 governantes da Otan e seus homólogos do Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. 

Pequim considera a iniciativa um pretexto para que a Otan amplie sua influência na Ásia. 

Entre ataques cibernéticos, desinformação e "atividades híbridas", a China continua sendo uma ameaça não apenas para a Aliança, mas também para a segurança mundial, segundo a declaração conjunta da Otan.

Os líderes da Aliança acusaram a China de "aumentar a ameaça que a Rússia representa para seus vizinhos e para a segurança euro-atlântica".

A China "não pode permitir que a maior guerra da história recente da Europa continue sem prejudicar os seus interesses e reputação", alertaram.

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Na terça-feira, a Suécia pediu à Otan que intensifique os esforços a respeito da China para garantir o apoio dos Estados Unidos, em particular no caso de uma vitória eleitoral de Trump, que já criticou duramente a organização.

A Aliança Atlântica deve continuar abordando a Rússia, mas a Ásia "também deve ser reconhecida como parte das preocupações da Otan", declarou durante a semana o ministro sueco das Relações Exteriores, Tobias Billstrom.

A China classifica as acusações da Otan como "difamações". 

No final do dia, os líderes da Otan se reunirão com o presidente ucraniano, também muito preocupado com a ajuda da China à Rússia. 

Nesta semana, a China iniciou exercícios militares com forças de Belarus na fronteira com a Polônia, perto da Ucrânia. 

Os líderes da Otan reunidos em Washington anunciaram na terça-feira uma série de medidas para ajudar a Ucrânia.

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Eles anunciaram o envio iminente de caças F-16 americanos, novos sistemas de defesa antiaérea, um compromisso financeiro de pelo menos 40 bilhões de euros (43 bilhões de dólares, 232 bilhões de reais) em ajuda militar e o reconhecimento de que o país está em um "caminho irreversível" para ser membro da Otan.

A Rússia considera estas medidas como prova do envolvimento da Otan na guerra ucraniana. 

Em resposta, o Kremlin declarou nesta quinta-feira que planeja "medidas" para "contra-atacar a grave ameaça" representada pela Otan porque está "de fato totalmente envolvida no conflito em torno da Ucrânia". 

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reagiu dizendo que a perspectiva de um "conflito direto entre a Otan e a Rússia é preocupante".

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© Agence France-Presse

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