Mais de 50 mortos em bombardeio russo na cidade ucraniana de Poltava

Pelo menos 51 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em um bombardeio russo nesta terça-feira (3) contra a cidade de Poltava, no centro da Ucrânia, que destruiu parcialmente um instituto militar da ex-república soviética.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu que o que chamou de "escória russa" prestará contas pelo ataque, enquanto as equipes de socorro continuavam trabalhando na remoção dos escombros.

"Segundo a informação disponível, este ataque russo matou 51 pessoas", disse Zelensky em um discurso. "O número de feridos é de 271. Sabemos que tem gente sob os escombros do prédio destruído. Está sendo feito tudo para salvar tantas vidas quanto possível".

De acordo com o governador da província, Filip Pronin, "até 18 pessoas podem estar sob os escombros".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o "deplorável ataque" contra esta cidade e prometer manter "o fornecimento dos sistemas de defesa aérea [a Kiev] e das capacidades que precisam para proteger seu país".

Segundo Zelensky, dois mísseis balísticos atingiram "um centro de ensino e um hospital próximo". "Um dos edifícios do instituto de comunicações ficou parcialmente destruído. Várias pessoas estavam sob os escombros", declarou o presidente no Telegram.

De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, os mísseis chegaram pouco tempo após o alerta. "Pegaram as pessoas de surpresa enquanto se dirigiam para o abrigo subterrâneo", explicou.

"Graças ao trabalho coordenado dos socorristas e médicos, 25 pessoas foram resgatadas, das quais 11 foram retiradas dos escombros. Os socorristas continuam seu trabalho", acrescentou o ministério.

O ataque ocorreu em Poltava, uma cidade situada a cerca de 300 km a leste de Kiev e que tinha cerca de 300 mil habitantes antes da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

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Um jornalista da AFP viu várias ambulâncias se dirigindo ao local do ataque pouco depois do bombardeio. Os meios de comunicação locais fizeram apelos à população para que doasse sangue.

Imagens publicadas nas redes sociais mostraram um edifício de vários andares destruído e as equipes de resgate trabalhando entre os escombros.

- "As tragédias se repetem" -

Blogueiros militares ucranianos afirmaram que os mísseis tinham como alvo uma cerimônia militar oficial que estava sendo realizada ao ar livre.

"Poltava... Como é possível que tanta gente tenha se reunido em um lugar assim?", questionou o blogueiro Sergei Naumovich, seguido por mais de 135 mil pessoas no Facebook.

A deputada Mariana Bezugla, integrante da comissão de Defesa do Parlamento ucraniano, lamentou no Telegram que nenhum oficial de alto escalão tenha sido punido por colocarem as tropas em perigo em incidentes similares no passado. "As tragédias se repetem. Até quando?", questionou.

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O Ministério da Defesa assegurou que não estava ocorrendo nenhuma cerimônia ao ar livre no momento da tragédia.

O presidente ucraniano disse ter ordenado uma "investigação completa e rápida" sobre as circunstâncias deste ataque russo.

Zelensky também voltou a pedir a seus aliados ocidentais que forneçam mais sistemas de defesa antiaérea e permitam que a Ucrânia alcance o território russo com mísseis de longo alcance que foram fornecidos ao seu país.

O chefe da diplomacia britânica, David Lammy, condenou o bombardeio e o qualificou como um "ato de agressão repugnante".

"A brutalidade de Putin não tem limites", lamentou a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.

O ataque coincide com uma remodelação do governo de Zelensky, no qual vários ministros entregaram seus cargos nesta terça-feira. Um assessor presidencial foi demitido.

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"Tal como prometido, esta semana cabe esperar uma reforma importante do governo. Mais de 50% do governo será substituído", escreveu no Telegram David Arakhamia, líder dos parlamentares do partido governista.

O presidente ucraniano busca aumentar a confiança no governo após dois anos e meio de guerra contra a Rússia, durante a qual ordenou várias reformas do Executivo.

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© Agence France-Presse

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