Após Panamá, Guatemala rejeita entrada da Rússia no Parlamento Centro-Americano
O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, rejeitou, nesta segunda-feira (30), a entrada da Rússia como observadora do Parlamento Centro-Americano (Parlacen), aprovada pelo fórum regional na semana passada.
No domingo, o Panamá havia se pronunciado contra a decisão do plenário do Parlacen, que aprovou a solicitação da Duma Estatal e do Conselho Federal da Federação russa para ser observadora deste órgão com sede na Cidade da Guatemala.
"O governo da República considera inconsistente a integração de um Estado que não respeita as normas do direito internacional ao Parlamento Centro-Americano", declarou Arévalo em coletiva de imprensa.
O presidente afirmou que o ingresso da Rússia viola "as normas e os princípios estabelecidos na Carta de Tegucigalpa" de 1991, que declara a América Central uma região de paz, democracia, liberdade e desenvolvimento.
A maioria dos países da região se pronunciou a favor da Ucrânia em sua guerra contra a Rússia, com exceção da Nicarágua, que apoia Moscou.
Arévalo criticou Ortega, afirmando que ele viola os "direitos fundamentais" dos nicaraguenses.
"A posição do governo da Guatemala em relação à situação na Nicarágua é clara e contundente: estamos contra uma situação onde não são respeitados os direitos fundamentais, na qual foram violados os direitos políticos da população", declarou o presidente social-democrata guatemalteco.
Recordou ainda que a Guatemala recebeu em 5 de setembro "os 135 irmãos nicaraguenses que foram libertados da prisão arbitrária pelo governo Ortega", após mediação dos Estados Unidos.
Resta agora a ratificação por parte da Rússia e do Parlacen para que a incorporação seja concluída, processo que poderá demorar cerca de oito meses, segundo a assessoria de imprensa do fórum que não possui resoluções vinculativas.
A Rússia, que mantém estreitos laços de cooperação com a Nicarágua, manifestou em 2018 o seu interesse em ser observadora do Parlacen, integrado por deputados de El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá e República Dominicana.
Costa Rica e Belize não fazem parte do fórum criado em 1991, que também tem como observadores México, Marrocos, Porto Rico, Venezuela e China.