Jamil Chade

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Reportagem

Com vizinhos em crise, Lula viaja ao México e propõe acordo comercial

Com o Mercosul em uma encruzilhada e alguns dos principais mercados de exportação do Brasil na América do Sul em crise, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva quer iniciar negociações com o México para o estabelecimento de um acordo comercial. O tema será tratado nesta semana, durante a viagem do presidente para a posse de Claudia Scheinbaum, a nova presidente do México.

Em entrevista ao UOL, a atual chanceler do governo mexicano, Alícia Barcenas, afirmou que "chegou a hora" de ter um acordo mais robusto com o Brasil no campo comercial. Ela deve assumir uma nova pasta no novo governo e prevê uma continuidade nos trabalhos com o Itamaraty, mesmo com a troca de administração.

A ministra deixou claro que existe interesse por parte dos mexicanos para fazer avançar o processo, que o "tema está na agenda" e indicou que, ao longo dos últimos meses, diversos entendimentos foram fechados entre os dois países para abrir mercados em setores determinados.

"Temos realizado aberturas importantes para os produtos brasileiros", indicou a chanceler. Em 2023, o México isentou, temporariamente, o pagamento de impostos de importação de determinados produtos da cesta básica do país. A isenção é válida até 31 de dezembro de 2024 e foi fundamental para a segurança alimentar e o controle da inflação mexicana, mas acabou ampliando a competitividade brasileira no mercado local.

Por anos, Brasil e México disputaram ser destino de investimentos de algumas das principais multinacionais, enquanto consideravam que determinados setores eram concorrentes nos mercados estrangeiros.

Mas o objetivo de Lula de costurar a integração sul-americana foi freada pela vitória na Argentina de Javier Milei, que rejeita os planos do Brasil para a região. Um golpe duro ainda foi a constatação de que a Venezuela continuará a viver um forte impasse em seu destino político, travando também qualquer esperança de uma normalização do governo de Nicolas Maduro na América do Sul. No auge do regime chavista, a Venezuela chegou a ser o quinto maior destino de exportações do Brasil.

Para o Brasil, portanto, a ideia de uma aproximação comercial com o México pode fazer sentido geopolítico, num momento de tensão entre diferentes capitais da região. A esperança é de que o novo governo mexicano também apoie os projetos de Lula para recuperar o diálogo latino-americano.

Lula viaja neste domingo

O presidente brasileiro embarca neste domingo e, na segunda-feira (30), a ApexBrasil reúne na Cidade do México cerca de 300 empresários brasileiros e mexicanos de diferentes setores produtivos.

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O evento contará com a presença de Lula e do presidente da República do México, Andrés Manuel López Obrador. Segundo a agência, a meta é de "identificar oportunidades de negócios, parcerias e investimentos entre as duas maiores economias da América Latina".

De acordo com dados do governo, o Brasil é o sétimo maior fornecedor de bens do México. Mas representa apenas 2,2% de participação nesse mercado. Em 2023, o comércio bilateral alcançou seu maior patamar histórico, chegando a US$ 14,1 bilhões, valor 14% superior ao de 2022.

Com isso, o México foi o quinto principal destino das exportações brasileiras no último ano, tendo as vendas brasileiras para o país somado US$ 8,6 bilhões. No setor veículos rodoviários, o aumento das vendas foi de 339,4%. Em termos de investimento, o país foi, em 2022, o segundo maior investidor latino-americano no Brasil, atrás apenas do Uruguai.

Num levantamento realizado pela ApexBrasil, foram identificadas 447 oportunidades para produtos brasileiros no México.

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