Último Museu Lenin da Europa muda de nome na Finlândia
O último Museu Lenin da Europa, localizado na Finlândia, vai mudar de nome e tema, anunciou nesta quarta-feira (30) o seu diretor, alimentando teorias de conspiração na Rússia, onde nasceu o fundador da extinta União Soviética.
O museu de Tampere, cerca de 170 km a noroeste de Helsinque, foi fundado em 1946 e é o último no continente europeu a ostentar o nome, na verdade o pseudônimo, sob o qual ficou conhecido o líder bolchevique Vladimir Ilyich Ulyanov (1870-1924).
O edifício faz parte da história do comunismo, já que ali aconteceu o primeiro encontro, durante uma reunião secreta em 1905 (doze anos antes da Revolução Russa), entre Lenin e Stalin, o seu futuro sucessor à frente da União Soviética.
Mas a instituição fechará no dia 3 de novembro para obras de renovação e reabrirá em fevereiro de 2025 com outro nome ("Nootti") e se dedicará à evolução das relações entre Finlândia e Rússia nos séculos XX e XXI.
Os dois países compartilham uma fronteira de 1.340 quilômetros e entre 1939 e 1940 travaram uma guerra de três meses.
O nome do museu "não refletia a história que queremos transmitir", explicou à AFP o diretor da instituição, Kalle Kallio.
"Algumas pessoas acreditam que é uma espécie de templo do mal, por causa do seu nome", acrescentou.
O museu, que funciona com recursos estatais, já havia mudado sua temática inicial em 2016, focando-a na história da União Soviética, dissolvida em 1991.
Mesmo assim, o seu nome "tornou-se um fardo", que ficou ainda mais pesado após a invasão russa da Ucrânia em 2022, disse Kallio.
"Temos muitos visitantes, mas não de escolas, por exemplo, porque os professores não querem perguntar aos pais se podem trazer os filhos para cá", disse.
Segundo Kallio, a mudança de nome causou mal-entendidos e alimentou teorias da conspiração na Rússia.
"Na Rússia foi dito que este é mais um ato hostil da Finlândia, após a nossa entrada na Otan, e que a decisão foi realmente tomada em Washington", disse ele.
O anúncio do fechamento do museu provocou, no entanto, um número recorde de visitas nos últimos dias de pessoas que queriam dar uma última olhada neste expoente histórico do século XX.
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© Agence France-Presse
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