Fed reduz taxas básicas de juros em um quarto de ponto percentual, para 4,50%-4,75%

O Federal Reserve (Fed, banco central americano) cortou, nesta quinta-feira (7), suas taxas básicas de juros em um quarto de ponto percentual, para a faixa de 4,50% a 4,75%, em uma decisão unânime e aguardada pelos mercados um dia depois da eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos.

O corte se segue a outro de meio ponto percentual, em setembro, o primeiro deste ciclo de flexibilização da política monetária desde março de 2020.

"As condições do mercado de trabalho se distendem", enquanto "a inflação fez progressos em seu retorno para a meta de 2% (...), mas continua alta", assinalou o Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) em um comunicado ao final de dois dias de reunião em Washington.

A decisão foi aprovada pelos 12 membros com direito a voto do FOMC, que se reuniram desde a quarta-feira e não a terça, como é habitual, devido à eleição presidencial.

A inflação caiu em setembro para seu nível mais baixo desde fevereiro de 2021, para 2,1% em 12 meses, de acordo com o índice PCE, o mais acompanhado pelo banco central.

O Fed manteve as taxas nos níveis mais altos desde o início do século para conter a inflação. Taxas de juros altas significam crédito caro, o que desestimula o consumo e o investimento e reduz as pressões sobre os preços.

- Tarifas -

Trump prometeu impor novas tarifas, e isso poderia impulsionar novamente a inflação.

"O resultado das eleições reduz a possibilidade de um novo corte nas próximas reuniões" do Fed, estimaram Samuel Tombs e Oliver Allen, economistas da Pantheon Macroeconomics.

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No entanto, o presidente do órgão, Jerome Powell, disse em uma coletiva de imprensa após o anúncio desta quinta-feira que o resultado da eleição presidencial que devolveu Trump à Casa Branca não terá "efeito a curto prazo" na política monetária da instituição.

"A curto prazo, as eleições não terão nenhum efeito em nossas decisões", assegurou Powell. "Não sabemos qual é o calendário e o tipo de reformas que virão, e por isso não sabemos quais podem ser os efeitos sobre a economia. Não adivinhamos, não especulamos, não supomos", concluiu.

Powell, escolhido em 2012 pelo presidente Barack Obama para o Conselho de Governadores do Fed, foi nomeado para liderar a instituição em 2018 pelo próprio Trump.

Mas depois o presidente republicano o criticou veementemente por, em sua opinião, não reduzir suficientemente as taxas, embora o Fed seja uma entidade independente do Poder Executivo.

Trump, apesar desses confrontos, afirmou em julho que poderia deixar Powell terminar seu mandato, que vai até 2026.

De qualquer forma, o presidente do Fed foi categórico nesta quinta-feira ao afirmar que não renunciará ao cargo antes do final de seu mandato, mesmo que o presidente eleito lhe peça, e acrescentou que demitir qualquer um dos sete governadores do banco central "não é permitido por lei".

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- Economia resiliente -

Os últimos indicadores sobre a economia dos Estados Unidos mostram uma atividade econômica sólida.

"De forma geral, a economia dos Estados Unidos parece bastante resiliente, e o mercado de trabalho continua em muito bom estado", descreveu à AFP Jim Bullard, ex-presidente do Fed de Saint-Louis.

O crescimento do PIB no terceiro trimestre foi decepcionante, mas permanece bem acima de outras nações desenvolvidas, em um nível de 2,8% anual.

A criação de empregos em outubro foi o nível mais baixo desde dezembro de 2020, mas os dados se explicam principalmente por furacões e várias greves, em particular na Boeing.

Para Bullard, reitor da Daniels School of Business da Universidade de Purdue, o Fed conseguiu um "pouso suave" da economia, ou seja, conter a inflação sem recessão.

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© Agence France-Presse

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